1. Agora que, pela segunda vez, o Partido Socialista conseguiu a maioria absoluta, não deixa de ser “comovente” a preocupação de algumas direitas em reverem a lei eleitoral: desde a Iniciativa Liberal até aos peticionários de um texto ainda carecido do número mínimo de assinaturas, vão-se declarando esforços para que a presente situação se não volte a repetir.
Eis uma das pretensas novidades com que a maioria absoluta não poderá transigir. Até porque o eleitorado acaba de desbaratar um dos principais argumentos enunciados por alguns para promover alterações às leis eleitorais, mormente a almejada criação de círculos uninominais, terreno fértil para os mais desvairados caciques: de que seriam assim facilitadas as maiorias estáveis para governar.
E até o argumento do crescimento da abstenção caiu por terra tendo em conta o número de eleitores que, apesar da pandemia, foram consagrar António Costa no passado domingo.
2. Outra preocupação das direitas mais extremas tem a ver com os debates
quinzenais na Assembleia da República, que desejariam ver retomados. Para quê?, respondeu-lhes Rui Rio com a sensatez de saber quanto nada adiantam apenas servindo para o espetáculo mediático das aberturas dos telejornais. E, também, para montar declarações fora do respetivo contexto para alimentar as mentiras e deturpações dos prosélitos do fascismo e do ultraliberalismo nas redes sociais.
Eis mais uma daquelas ninharias com que a maioria absoluta não se poderá compadecer.
3. No outro lado do espectro político constato sem surpresa que, nem o Bloco, nem o PCP, fazem autocrítica em relação a estratégias tão significativamente perdedoras. Acaso militasse num ou noutro a primeira resposta que gostaria de encontrar seria a que justificasse a pergunta sobre onde se terão enganado. Afinal por aquelas bandas prossegue tudo como dantes: julgando-se dotados de inatacável razão, prometem continuar a defendê-la mesmo quando ela se viu desmentida pelos factos. Assim se caminha para a merecida irrelevância.
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