sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Um debate com um claro vencedor

 

Às vezes não tenho juízo nenhum, como passo a explicar: há muito que deixei de acompanhar o comentário político nas televisões por o saber demasiado enviesado à direita, ou não seja evidente a predisposição dos donos das televisões e seus titerados diretores da «informação» sobre os conteúdos, que querem ver maioritariamente difundidos. 

Autismo ideológico? Poderão acusar-me de tal, mas sinto-o ao invés como um previdente exercício de salvaguarda da sanidade mental perante tanta coisa dita e redita com carga tão preconceituosa de ideologia das direitas, que poderia molestar o meu delicado estômago.

Ontem, porém, decidi fazer exceção à regra do costume tão evidente me pareceu o KO técnico a que António Costa submeteu Rui Rio na hora e pouco de debate, encostando-o amiúde às cordas com argumentos gratos à maioria dos portugueses em que me incluo e tornando-o numa espécie de saco de boxe incapaz de ripostar ao óbvio: por exemplo a confessada intenção do PSD em pôr a classe média a pagar os serviços a que possa recorrer no SNS ou a violação do princípio de independência entre o poder político e a justiça por conta do controle dos Conselhos Superiores de juízes e magistrados.

Como iriam os detratores do costume virar a realidade do avesso e apresentar uma realidade alternativa sobre quanto ficara à vista?

Tenho de concluir que a minha imaginação anda de facto pelas ruas da amargura, porque ouvi coisas, que julgaria improváveis à luz do mínimo de decência e de honestidade intelectual. Desde Francisco Louçã a Marques Mendes, de Clara Ferreira Alves a Pedro Marques Lopes, de Manuela Ferreira Leite a Poiares Maduro ouviram-se tais barbaridades, que tive de reconhecer quanto andava certo na anterior decisão e melhor vale não perder tempo com quanto possam continuar a  proferir.

Percebe-se, pois, que haja em todos eles a continuada intenção em virarem a realidade do avesso, sobretudo num dia marcado por sondagens capazes de revelarem um Partido Socialista à beira da maioria absoluta, que tornarão risíveis tais participações mediáticas daqui a uma vintena de dias, quando todos poderão voltar a meter a viola no saco e adiarem uma vez mais os seus amanhãs desafinadamente cantantes. E, no meio de tão grosseira campanha antissocialista cabe valorizar o que, de passagem, Daniel Oliveira lembrou: há dois anos as televisões também deram Rio como vencedor do debate frente-a-frente com Costa e depois recolheu o resultado que se sabe. Uma vez mais o líder do PSD parece fadado para pardal a recolher o primeiro milho, que caberá depois por inteiro a quem o merece... 

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