segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

A última lição de Mireille Jospin

 

Cumpre-se um ano sobre a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa e continuo a ter mais mal que de bem dele dizer. Se não lhe atribuo particulares culpas na presente crise política - essas endosso-as quase por inteiro ao Bloco e ao PCP - lamento deveras o seu papel como obstáculo a uma legislação em prol da eutanásia que, até pela minha idade, sinto urgentemente necessária.

Aquela que mereceu oposição de Belém e do Palácio Ratton não coincide propriamente com a por mim pretendida. Para que seja respeitado o direito a dispor do próprio corpo não considero imprescindível ter uma doença em fase terminal para ver contemplado esse anseio. Continuo a assumir como exemplo Mireille, a mãe do ex-primeiro–ministro francês Lionel Jospin que, depois de um longo passado de lutas cívicas, desde a de resistente à ocupação nazi até às causas pacifistas, achou-se enfim com direito a descansar. E sem nada mais ter de justificar conseguiu-o aos 92 anos no seu apartamento de Yvelines, não tardam a passar vinte anos.

Para esse derradeiro combate conseguiu o apoio da filha Nöelle, já que o filho não conseguiu levar o progressismo até aceitar a última causa por que a progenitora se bateu.

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