terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Maioria absoluta: why not?

 



Sei que sou um inveterado otimista e, por isso mesmo, tenho conhecido algumas deceções inesperadas, que não põem em causa o acerto maioritário do que previa como expectável. Reconheço ter extremado esse otimismo, quando apostei as minhas fichas em Corbyn na Inglaterra ou em Elizabeth Warren nos Estados Unidos e os vi saírem ingloriamente de cena sem o sucesso, que lhes desejava (mais do que prognosticava!).

Vem isto a propósito do telefonema de um amigo que, na semana passada, me questionava sobre o que antevia como resultado eleitoral em 30 de janeiro. E, sem grande tibieza, afiancei-lhe logo a forte aposta na maioria absoluta do PS, remetendo para folclore eleitoral aquilo que vinha sendo dito sobre um confronto renhido entre os dois principais partidos na liça. E o facto de, pela primeira vez sem eufemismos, António Costa ter dito preto no branco ser esse o resultado que deseja só vem ao encontro da ideia de haver crescente expetativa em quem organiza a campanha eleitoral socialista, em como tudo se conjuga nesse sentido, como aliás as sondagens diárias vêm tendencialmente perspetivando.

A importância da estabilidade colhe grande apreço nos eleitores que, à esquerda, sentiram-se zangados com a opção do Bloco e do PCP para coligarem-se às direitas e derrubarem o governo ainda em funções. E ao centro não é crível que esse segmento sociológico prescinda do equilíbrio demonstrado por um primeiro-ministro, que soube encontrar as mais sensatas estratégias para melhorar os indicadores económicos e sociais do país nos últimos seis anos e, sobretudo, para limitar a pandemia aos custos minimizados, que o enorme esforço de vacinação implicaram.

Há, é claro, os eleitores de direita, que congregam quantos já auferem rendimentos privilegiados e os querem ver maximizados  e os outros, os de limitado QI, que são capazes de acreditar nas mais desconchavadas patranhas. Para esses é desnecessário gastar mais latim, porque são incuráveis, incorrigíveis e, infelizmente, não inimputáveis.

Daí que encare com confiança o cenário do dia 31 de janeiro. Porque, na pior das hipóteses, acredito na continuidade de uma geringonça, que tanto representou o nosso contentamento durante anos e só opções irracionais de quem lhe quis pôr um prego no caixão, a devolveram à condição de «espetáculo que segue dentro de momentos». Porque, se perderem votos e deputados, que alegarão Catarina Martins e Jerónimo de Sousa para bloquearem uma solução que, se cerceada novamente, abrirá os portões à direita e ao seu parceiro mais extremado?

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