O conceito de ideologia aparece aos olhos desses críticos como uma espécie de anátema contra o qual intentam lançar os mais poderosos elixires. E, sobretudo, como se a posição contrária por eles emitida a respeito de tais assuntos, não fosse ela própria ideológica.
Estamos numa boa altura para revalorizarmos o conceito de ideologia e o quanto ele faz falta para possibilitar leituras mais estruturadas da realidade. Porque, quer se queira uma sociedade mais justa e igualitária, como pretendem os socialistas, os comunistas ou os bloquistas, quer se queira uma outra forma de organização social em que uns colham a maior parte dos rendimentos deixando as migalhas aos demais - pretensão mais ou menos encapotada dos que militam nas direitas desde as fascistas às falsamente «sociais-democratas», passando pelas cristãs ou liberais - todos precisam de guiar-se pelas etapas necessárias para que esses fins se concretizem.
O problema com os que tanto acusam os demais de motivados pela ideologia é terem problemas sérios em assumirem o tipo de futuro, que pretendem construir. Porque nunca as direitas conseguirão os seus intentos tão-só grande parte dos seus eleitores compreendam o quanto se prejudicam em darem-lhes o seu voto. E acabando a confusão, que pretende difundir a mentira sobre as ideologias já nada significarem, talvez voltem em força aquelas, que mobilizaram tantos milhares de explorados para, através de sindicatos, partidos políticos e outros movimentos sociais, exigirem uma melhoria global das suas condições de vida.
Quase certamente voltará em força o marxismo que nunca conseguiu afirmar-se até aqui, mas constitui o sólido polo orientador para se alcançar o tal humanismo por tantos ambicionado há vários séculos.
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