sexta-feira, 28 de maio de 2021

Sinais do que tende a acontecer

 

Existem fotografias e pequenas notícias, que parecem valer pouco, mas comportam uma carga simbólica, que indiciam as incontornáveis tendências futuras. A imagem acima, de cumplicidade entre dois antigos presidentes brasileiros, que muito discordaram entre si enquanto Bolsonaro não ocupou o Palácio do Planalto, é bem reveladora do que se anuncia: sentindo imprestável do atual titular do cargo para os seus interesses a burguesia tucana, que Fernando Henrique representa, sabe inevitável o regresso de Lula da Silva e apresta-se a dar-lhe o aval. Razão para os militares e os latifundiários da industria agroalimentar, que destroem a Amazónia e o Pantanal, sentirem-se cada vez mais isolados, não só porque demonstraram à saciedade a sua patética incompetência como desclassificaram o Brasil de prometedor Bric numa ainda mais subdesenvolvida e miserável realidade.

Por seu lado a Irlanda foi o primeiro país europeu a chamar os bois pelos nomes considerando «anexação» aos colonatos israelitas na Cisjordânia. Se a isso somarmos a intenção do governo de Macron em considerar a forte probabilidade de se instalar o apartheid nas cidades israelitas onde judeus e árabes têm vivido num ambiente de iminente guerra civil, convenhamos que, mesmo com Biden a nada alterar do que foi a política de Trump para o conflito em causa, a posição sionista tende a fragilizar-se.

A concluir fico-me com o editorial de Ana Sá Lopes no «Público» de hoje quando quer atribuir ao verdadeiro vencedor da Convenção das direitas uma qualquer explicação esotérica: “Não deve haver na história da política portuguesa um cidadão com mais sorte do que António Costa. (...) Costa deve ter nascido sob uma conjugação astral diferente da do comum dos mortais.”

Para a jornalista em causa seria fácil dar a devida importância àquilo que ela reconhece nas entrelinhas do seu texto: que a moção de estratégia de António Costa ao Congresso tem uma Visão para o país, que as direitas nem com lentes duplas conseguem divisar. A sua credibilidade advém de saber para onde irmos para que, enquanto sociedade fiquemos mais prósperos, resilientes às mudanças e com menos desigualdades. E isso é algo que mais ninguém consegue sugerir para quem vota. Por isso não admira o grande sinal que as sondagens reiteradamente preveem.

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