Foi muito natural que a data de 28 de maio tenha sido escolhida pelos saudosistas da ditadura salazarista para iniciarem o seu congresso, ademais numa cidade que lhes dera agruras e as voltou a repetir ao som da palavra de ordem “Ninguém atura o facho do Ventura!”. Muito embora se quisesse iludir com a falsa decuplicação dos votos em pouco tempo, o cabeça-de-cartaz, cujo inchado ego o levou à tribuna umas quantas vezes, ou se sabe vigarista ao nível do mais serôdio vendedor de banha-da-cobra, ou há-de descobrir-se como um daqueles casos de patológica megalomania, ganhando lugar ao lado dos que andam de mão ao peito e afiançam ser Napoleão ou olham para os ramos das árvores e juram ver ali senhoras brilhantes a anunciarem segredos tão palpitantes quanto os dos pastorinhos de Fátima.
Para já, e sinalizando o empalidecimento que o espera, convidou Matteo Salvini para com ele partilhar o momento culminante do evento. Ainda ninguém lhe terá contado que o bufão da Liga do Norte está em queda acentuada nas sondagens e tem uma tal Georgia Meloni, ainda mais fascista do que ele, a morder-lhe as canelas. Convidasse-a a ela e sempre poderia tentar as apregoadas artes do Zézé Camarinha junto das inglesas no Algarve, ganhando-se daí alguma coisa (a sempre sensata hipótese de só se estragar uma casa em vez das duas onde tentam perorar!).
Quem pode carpir-se com o espetáculo das direitas durante esta semana é o diretor do «Público», que não deixa de revelar assinalável lucidez ao escrever que elas vão vagueando “entre o sebastianismo encarnado por Passos Coelho, o discurso cavernícola da demagogia ou o saudosismo revisionista do Estado Novo”. Se é o Manuel Carvalho a constatá-lo, de que vale nós acrescentarmos mais o que quer que seja?
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