terça-feira, 25 de maio de 2021

Os tempos não correm de feição para aquelas bandas

 

É mais da ordem do simbólico do que do efetivo dano para os bolsos de André Ventura a condenação judicial a que foi sujeito face à reclamação de uma família do Bairro Jamaica a quem ofendeu durante um debate presidencial. Se até agora as suas difamações e declarações anticonstitucionais tinham gozado de reiterada impunidade por parte de quem as deveria averiguar e punir, ele poderá ver-se-confrontado com crescentes limitações a esse extravasar da sua detestável índole tão-só haja quem imite os ofendidos em causa e o faça comparecer em tribunal tantas vezes quantas as necessárias. Porque outra ameaça se perfilará, então, no horizonte e é o seu maior medo: que se acumulem argumentos e provas em como a legalidade do Chega é injustificável perante tão reiteradas violações do que prescreve o nosso texto constitucional. E talvez não lhe seja particularmente favorável à imagem a condição de fora-da-lei. Até porque, mesmo com Marine Le Pen ainda fortemente candidata a ganhar as presidenciais francesas do próximo ano, as auras vencedoras de outros líderes das extremas-direitas vão empalidecendo, sobretudo a partir do momento em que Trump deixou de ser-lhes uma espécie de amuleto sagrado.

É por isso mesmo que não sendo ainda a sanção judicial que o país merece - a definitiva ilegalização do Chega - a sentença agora anunciada poderá representar o início do fim deste execrável epifenómeno. 

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