quinta-feira, 6 de maio de 2021

O interesse público a sobrepor-se ao dos privados

1. Convenhamos que Joe Biden continua a surpreender-me pela positiva: a notícia de apostar na quebra das patentes das vacinas contra o covid19, porque está em causa o bem comum em detrimento dos indecorosos interesses dos acionistas das farmacêuticas, só pode merecer o mais vibrante aplauso até porque só as extremas-esquerdas andavam a defender há muito essa medida. Agora Ursula von den Leyen mostra-se disposta a ir-lhe na peugada. Mediante essa decisão política poder-se-ão produzir vacinas em quantidade suficiente para que todos os países as recebam por igual e erradiquem de vez esta ameaça pandémica responsável por tantas mortes e por um agravamento abissal das desigualdades entre os muito ricos e a generalidade dos que por eles são explorados.

Depois da tragédia que foi a Administração Trump sabe-nos bem esta sucessiva demonstração de decência, que o experimentado político do Delaware veio trazer a um mundo dela tão carecido.

2. Igualmente por uma questão de decência Eduardo Cabrita instalou no Zmar os trabalhadores agrícolas asiáticos de Odemira, incluindo as mulheres e as crianças que integram os seus núcleos familiares, e estavam em degradantes condições de habitabilidade. Recorrendo a uma operação policial musculada, que impediu qualquer veleidade aos que intentavam impedi-la, o ministro fez cumprir a lei e demonstrou uma vez mais a sua prioridade: cumprir a Constituição pela qual foi empossado.

Como tem sido dito por estes dias o verdadeiro escândalo do que se vem passando com esse campo de campismo privado, cuja falência faz do Estado o seu mais importante credor, não é o falso argumento da violação dos direitos de uns quantos proprietários. É sim a sua reiterada desumanidade em pensarem nos seus interesses egoístas - e não se presume que haja quem faça dessas casas a sua primeira habitação! - em detrimento de um interesse coletivo, que tem a ver com direitos humanos e defesa da saúde pública. O egoísmo atroz de tal gente é bem demonstrativo do que pior se manifesta na sociedade em que atualmente vivemos.

Um louvor, pois, ao Eduardo Cabrita, camarada que muito prezo, que manda mais uma vez às malvas o que possa ou não ser popular - hoje o Chega fará dele uma caricatura pior do que a do mais assanhado Drácula! - para fazer o que é correto: prevalecer o interesse da maioria sobre os de uns quantos, que tão entusiasticamente se enfeudam às campanhas demagógicas do que de pior tem a política nesta altura...

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