Se há valor, que estamos a precisar de resgatar da irrelevância em que caiu, a decência é um dos que me vem à mente logo à primeira impressão. Porque andamos a ver normalizados tantos comportamentos indignos, que corremos o risco de esquecermos a linha de demarcação muito vincada entre o que é honrado e o que deveria cobrir de vergonha quem o não é.
Desconsiderar uma deputada por causa da sua cor. Que pervertida mente se lembraria de tal barbaridade? Mas pelos vistos a Lusa considerou-a suficientemente capaz para lhe garantir emprego e ordenado! Mesmo quando já havia quem alertava para as enormidades que esse tal Hugo Godinho ia inserindo nas redes sociais!
Criticar o presidente da câmara de Lisboa por causa da desorganizada festa sportinguista. Alguém com um pingo de honestidade intelectual seria capaz de imaginar forma de conter uma alegria, que a psicologia de massas explica e que dezanove anos de espera tornariam incontrolável? Porém Carlos Moedas fê-lo e demonstrou o tipo de personalidade, que acoita por trás da imagem de nerd tardio. Muito a propósito, Porfírio Silva admirava-se na sua página facebook por só agora os mais incautos estarem a descobrir a verdadeira natureza do personagem.
Dar ouvidos à candidata fascista à câmara da Amadora e criticar o primeiro-ministro trazendo de volta o caso sobre a suposta pedofilia na Casa Pia, que constituiu uma das páginas mais negras da já muito sombria Justiça tal qual se vem praticando em Portugal desde que os procuradores proclamaram que, depois da primazia do poder legislativo e do executivo, o novo século abrir-se-ia para a condução da pátria pelo «impoluto» poder judicial? Rui Rio fê-lo e só confirmou o quão homem sem qualidades se revela a cada meandro do turvo percurso que o leva para longe do prometido mar para onde se julgava fadado a desaguar.
E o que dizer dos que verberam Eduardo Cabrita e João Galamba por decisões e reações, que têm todo o cabimento, o primeiro por priorizar a resolução de um problema de saúde pública em contexto de pandemia o segundo por mostrar ser filho de boa gente já que não há como reagir destemperadamente contra uma indecente sujeitinha, que há tempo demasiado polui as noites de sexta-feira no canal público que todos pagamos, mas do qual a maior parte de nós se desgosta.
Decência é, efetivamente, precisa, Mas perante um desfile de freaks, que nem o imaginativo Tod Browning se lembraria de inventar para o seu célebre filme de 1932, constatamos que é palavra desconhecida dos que nas direitas se acoitam.
Sem comentários:
Enviar um comentário