O que tem abalado o setor da Saúde, e particularmente o INEM, na última semana não é apenas sinónimo da negligência, irresponsabilidade e incompetência, que Pedro Nuno Santos muito justamente apontou tendo o governo como alvo.´
Se Montenegro desculpou-se com a indiferença, que lhe merecem os pré-avisos de greve - só o forçando a mudar a sucessão de mortes provavelmente ocorridas por falta de socorro de emergência a quem dele necessitava -, tem sido indecoroso o comportamento de Ana Paula Martins, pelo padrão justificativo da sua imediata demissão.
Não é só o facto de ter assumido o cargo com o propósito de sangrar ainda mais o Serviço Nacional de Saúde em proveito de interesses privados, de que trouxe infiltrados para a acolitarem no governo, quer como secretárias de Estado, quer nos cargos decisórios onde será mais fácil transferirem verbas significativas do orçamento do setor para os grupos e empresas donde vieram (e para onde quase por certo irão voltar!)..
É também o facto de Ana Paula Martins ter mentido com quantos dentes tem na boca, quando alegou algumas desculpas mal amanhadas perante os deputados sobre conhecer ou não o sindicato responsável pela greve.
E, cereja em cima do bolo, o repulsivo passar de culpas para quem dizia tutelar o INEM e a quem retira agora essa competência.
Que esta grotesca personagem era um evidente exemplo de erro de casting num governo de série B em que a qualidade média dos que o integram está num patamar muito rasteirinho, já se adivinhava. Os factos vêm confirmando o que se pressupunha vir a acontecer.
O curioso é que, ciente de como pode vir a ser associado ao descalabro, que ele próprio provocou, Marcelo comece a acautelar-se operando um mais que tardio distanciamento. Lá no íntimo deve andar incomodado com a sensação de ser visto como quem só estraga aquilo que se propunha reparar...
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