quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A propósito da patética (pateta?) sessão comemorativa

 

Concordo em absoluto com a ausência da associação 25 de Abril e do Partido Comunista na patética sessão parlamentar sobre uma perspetiva deturpada do que significaram os acontecimentos de 25 de novembro de 1975, e até veria com muito bons olhos que o Partido Socialista, o Livre de Esquerda, também os imitassem. Deixassem as direitas na sua folgança apadrinhada por um Eanes, que nunca me enganou quanto à sua personalidade opusdeiana.

Está mais do que demonstrado que a História costuma ser feita pelos vencedores. A dúvida é se o PSD, o CDS, a IL e o Chega podem reivindicar essa condição, sobretudo tendo em conta que os setores, que representam, estiveram ausentes da batalha de então, sendo um dos setores abrilistas do MFA - o mais conservador - a, então, derrotar o mais propenso aos benefícios do poder popular. Daí que, se há quem se possa reivindicar vencedor desse confronto, foi o PS de Mário Soares, então mais preocupado em derrotar a enfatizada ameaça comunista do que em consolidar as mais representativas conquistas revolucionárias conseguidas até então, mormente as nacionalizações e a reforma agrária.

A menos que as atuais direitas já tenham conhecimento dos documentos secretos da CIA sobre esse período e confirmem uma das possíveis leituras do então sucedido: que os paraquedistas  terão caído numa armadilha ciosamente preparada pela espionagem comandada por Frank Carlucci e propiciado aquela que é outra tese formulada por alguns historiadores - a da inação comunista nesse dia por ter havido a prévia negociação de um neotratado das Tordesilhas entre russos e americanos, deixando Angola para os primeiros e Portugal para o redil da dita aliança atlântica.

Ainda assim, mesmo nessa hipótese, Carlucci alimentava por essa altura uma amizade muito peculiar com o líder socialista. Razão para, mesmo se a intentona foi alimentada pelos serviços secretos norte-americanos, o 25 de novembro tenha acabado por resultar na vitória daqueles que os norte-americanos pareciam prezar como os seus melhores amigos. E que não eram Sá Carneiro, nem tão pouco Freitas do Amaral por muito que os partidos da dita Aliança Democrática insistam em querer colar-se a um sucesso que, militarmente, não foi seu. Mesmo que os seus titereiros tenham acabado por ser injustos beneficiários...

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