segunda-feira, 4 de novembro de 2024

A gestão do momento sem esquecer os princípios

 

Atrás de tempos, tempos vêm! A História está bem adornada de exemplos, que mostram quanto o ar poltrão de Montenegro depressa tenderá a ser substituído pelo cenho crispado de quem esgotou as manhas imediatas subsequentes à imerecida conquista do poder e depressa concluirá ser guitarra demasiado exigente para a falta de talento para a tanger.

No entretanto é asizada a estratégia de Pedro Nuno Santos em consolidar o eleitorado fiel ao Partido Socialista. Nomeadamente com o que, comparando as migalhas prometidas pelo ainda primeiro-ministro, não esquece os seis aumentos extraordinários das pensões aprovados enquanto vigoraram os governos de António Costa.

Ao mesmo tempo, confrontem-se os jovens com a falta de habitação, de empregos bem remunerados e não precários ou da saúde, que também é questão, que não se põe apenas aos seus pais e avós. E quem tem soluções efetivas para lhes corresponder aos anseios.

Recuperar os eleitores mais novos livrando-os das ilusões, que os têm transformado num passivo rebanho das direitas é tarefa de que Pedro Nuno Santos não pode distrair-se um instante. A menos que seja para dar a devida atenção aos princípios e concluir - mesmo sem agir no imediato! -, que nem Ricardo Leão tem perfil para dirigir a FAUL, nem António José Seguro serve para candidato credível a Belém, salvo se se o entender como a hipótese como piada de mau gosto.

E falando de princípios, que dizer de Camilo Mortágua, falecido na semana passada? A melhor homenagem que sobre ele li veio do cineasta Luis Filipe Rocha que bem o conheceu: “O Camilo nunca se conformou nem nunca baixou os braços perante os riscos, os obstáculos e as incompreensões que enfrentou ao longo do caminho que, menino e moço, escolheu e decidiu fazer: calejar as mãos, o pensamento e o coração com a sua inesgotável solidariedade humana”.

Sobre as eleições de amanhã, e embora prefira de longe a vitória de Kamala Harris, convém lembrar o quanto pouco mudará com ela, ou o seu opositor, tendo em conta a triste realidade hoje inerente à política ianque. Escreveu-o Viriato Soromenho Marques no Diário de Notícias:  “É indecente falar no Ocidente em direitos humanos, quando a desigualdade doméstica resvala na pobreza, e se alimenta o genocídio e a agressão perpetrados por Israel. Quando a nossa identidade se define pela fabricação e punição de “inimigos”, e não pelo poder inclusivo de um projeto de futuro, já entrámos no reino das sombras.”

Tal como Saramago lembrava como grandes males têm vindo ao mundo por conta das várias religiões, também convém não esquecer a canalhice relacionada com o rasteiro patriotismo. Sobre o qual dizia Bernard Shaw que o mundo jamais será tranquilo sem a sua extinção no imaginário dos povos. 

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