segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A ilusão das supostas vitórias definitivas

 

O que se vier a passar hoje, diante da Assembleia da República e no seu interior, mais não será do que uma mistificação do interesse dos seus promotores, e infelizmente avalizada por quem melhor faria em associar-se à atitude tomada pela Associação 25 de Abril.

Marcelo, que furou greves académicas durante o salazarismo e terá, a contragosto, visto o padrinho fechado numa chaimite a sair do Quartel do Carmo, será um dos tenores da provocação, acolitado por um Ramalho Eanes, que não teve qualquer participação no Movimento dos Capitães, mas soube aproveitar-se de estar no lugar certo à hora adequada para tornar-se na figura cimeira do regime subsequente ao fim do PREC.

Dos outros provocadores - Ventura, Rui Rocha, Núncio, Hugo Soares - nem vale a pena demorarmo-nos a caracterizá-los: são meros oportunistas, que não têm escrúpulo em torcerem a História de modo a convertê-la numa narrativa mentirosa, que lhes serve os propósitos de insultarem as esquerdas, mas também a improvável honestidade dos eleitores do seu próprio campo ideológico, que sabem-nos a interpretar uma farsa inconsequente.

Para quem se lembra dos factos e os associa ao definhamento dos cravos tão glosados pela mística da breve utopia de dezanove meses antes, a folgança deste dia será uma espécie de arroto de quem vive a ilusão de ter ganho a guerra em março transato e esquece as batalhas iminentes: as dos que continuam a não ter acesso à saúde, á educação e à habitação, e aceitaram sem pena o resultado da conspiração judicial contra o governo de António Costa, vendo-se agora pior com quem lhes prometeu soluções expeditas e miraculosas.

Ademais, e com os sinais sombrios pressentidos no horizonte mais distante, não há mentiras, nem mistificações, que poupem esta gente ao juízo maioritário de quem a há-de escorraçar... 

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