sábado, 16 de novembro de 2024

As lições que os mil dias de Allende recordam

 

Há muito se sabe que a Revolução não é um convite para jantar. Descobriu-o Salvador Allende que, de acordo com a excelente série atualmente em exibição no TvCine Edition, viu-se assoberbado pelo boicote intenso dos seus inimigos de direita apoiados pelas ações da CIA, que tudo fizeram para o derrubar até outra solução não gizarem que não fosse o golpe assassino de 11 de setembro de 1973.

Os Mil Dias de Allende é bastante fiel ao sucedido no período dos governos da Unidade Popular e demonstra como as direitas não têm o mínimo escrúpulo para torpedear regimes, que se aprestem a ferir-lhes os interesses gananciosos.

Não admira que, na nossa História recente, um presidente tenha-se servido do cargo para, a partir de Belém, ir demolindo a perceção pública sobre a competência dos ministros dos governos de António Costa. E, com a conivência de alguns procuradores da República, tenham promovido a demissão de há um ano atrás.

À distância podemos considerar patética a boa vontade do então primeiro-ministro até capaz de segurar o chapéu de chuva para que o antigo professor - mas também pertinaz opositor! - não se molhasse com uns pingos de chuva.

Houvesse reciprocidade nessa boa vontade e não estaríamos perante este cenário que vem ao encontro de outra conhecida máxima, a das situações políticas se repetirem, primeiro como tragédia, depois como farsa. Aquela que alguns ministros e ministras vão representando com involuntária pose de bufões.

Pedro Nuno Santos tem de revelar inédita argúcia na forma como lidar com aqueles a quem, como Raquel Varela tem acentuado, devemos chamar os bois pelos nomes: essa burguesia - o que resta da nacional e a que não conhece fronteiras - que tudo fará para o destruir politicamente só porque suspeita da sua radicalidade.

Eles não vão brincar em serviço!

1 comentário:

  1. Só um ponto: o seu santo António Costa é tão de esquerda como eu sou hotentote. É um cacique. Na boa tradição dos caciques da monarquia, da primeira República e também de Mários Soares, o grande cacique do regime instituído em 1974. Chamar a esta gente de esquerda dá vontade de rir. Têm uma concepção feudal do poder, eu, os meus vassalos e os outros. As ideias são instrumentais. O que é branco pode ser preto. Não admira que o final seja sempre o mesmo: o atraso do país.

    Apenas como nota: não, não sou salazarista. Mas esta gente não vale dois patacos. É o que há porque mais não conseguimos nem queremos. Viva a UE, que sem ela esta merda era igual ao Burkina Faso.

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