quarta-feira, 31 de maio de 2023

O aparvalhamento das massas

 

Não gosto de ceder ao pessimismo, e sempre procuro vislumbrar nos desaires as oportunidades para resultados, que se verifiquem opostos em prazos tangivelmente aceitáveis. Mas reconheço, que os resultados recentes nas eleições gregas, turcas ou espanholas, devem fazer soar as campainhas nos quartéis-generais das esquerdas e pô-las a refletir nas virtudes dos projetos frentistas, tipo geringonça, quando vêm portadores de esperança de vida melhor para quem neles possa votar.

Sem prejuízo de António Costa retirar lições quanto a não terem bastado a Sanchez os  bons resultados na economia para colher apoio de quem lucrou com as suas medidas sociais - como se os bolsos mais confortados não signifiquem reconhecimento quanto a quem os remediou! -, também Mariana Mortágua deveria olhar para o efeito dos «casos» e «casinhos» responsáveis pelos maus resultados socialistas aqui ao lado para não se aprestar a tão perversamente os empolar. Nesse sentido reitere-se a sageza comunista, que os dissocia de qualquer abordagem substantiva do que mais deverá importar aos portugueses.

Vivemos, de facto, tempos inquietantes em que as dinâmicas ainda pendem para as extremas-direitas sem que os democratas consigam para dotar-se dos devidos antídotos. Tanto mais que a liberdade de imprensa é torpedeada constantemente por quem aposta na satisfação da agenda de interesses desse mesmo setor extremista do patronato, que detém televisões, rádios e jornais e quase dela exclui qualquer cheiro a visões progressistas da realidade.

Na altura em que uma apresentadora de televisão enche pavilhões à conta da sua mensagem sobre os pensamentos mágicos, reconheça-se que as direitas têm sido extremamente eficazes no aparvalhamento de boa parte da população. E, acaso não se as consiga infletir, as consequências só podem ser particularmente graves a médio prazo. 

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