sexta-feira, 26 de maio de 2023

O sexo dos anjos e o que é verdadeiramente importante

 

1. Conhece-se o exemplo histórico: o debate sobre o sexo dos anjos na Constantinopla cercada pelos exércitos, que a iriam invadir e não encontrariam a devida resistência.

É isso o que parece suceder no debate parlamentar sobre as vicissitudes decorrentes da indemnização atribuída a uma antiga administradora da TAP e culminada nas pouco edificantes cenas no Ministério das Infraestruturas. Quando o país está a viver uma terrível seca, prenunciadora dos efeitos de alterações climáticas, que se instalam bastante mais cedo do que previam os otimistas, não é sobre esse problema e a forma de lhe reagir, que as oposições se preocupam. Embora adivinhemos que não tardarão a acusar o governo por não estar a fazer o que, por com elas ter de se distrair, está a secundarizar.

Que se trata de uma novela artificial podemos conclui-lo dando razão a António Costa quando, a propósito da intervenção do SIS, comenta: “quando desaparece um documento classificado, devem as autoridades comunicar? Sim. As autoridades devem agir? Sim. Alguém deu ordens, orientações? Não. Tudo o resto são pormenores para animar uma novela”. Que tem a ver com a perceção das direitas em como lhes resta pouco tempo para porem em causa um governo fadado para, por inversão do ciclo económico, demonstrar a eficácia da maior parte das suas políticas.

2. Outro problema com que as direitas pouco se preocupam, a não ser pela vertente populista do seu lado mais extremista: a impunidade com que os bancos andam a associar as comissões e a subida dos juros nos créditos à habitação com a ninharia com que remuneram os depósitos.

Especulação é uma realidade, que os banqueiros não conseguem iludir. Mas que as direitas tudo farão para normalizar como sendo próprio de um “mercado a funcionar”.

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