sábado, 27 de maio de 2023

Às vezes dá-me para soltar o mais exaltado vernáculo!

 

1. Patética a reação de alguns políticos e comentadores laranja sobre as reações socialistas às afirmações de Cavaco Silva numa reunião do seu partido: o seu nervosismo revelaria incómodo com a contundência das palavras do filho do gasolineiro de Boliqueime.

Posso asseverar que não me senti nem mais nem menos incomodado com tais propósitos: a personagem que, para mal dos nossos pecadilhos, tivemos de aturar tanto tempo a azucrinar-nos as vidas, causa sempre a mesma urticária. Se é certo que a política deve suscitar racionalidade fria e ponderada, é impossível evitar o mais exaltado vernáculo quando aparece no ecrã. E isso não é, porque seja importante o que diz - quem se dá ao trabalho de o ouvir? - mas por indispor a sua sinistra aparição!

2. A melhor reação à mesma assombração foi a de José Sócrates, que lembrou como a idade pode ajudar alguém a ser mais sábio ou, em contrapartida, a tornar-se mais velhaco no ressentimento rancoroso, que denuncia a infelicidade em que vive.

Cavaco é exemplo desta segunda versão de envelhecimento. Sem que mereça pinga de solidariedade por tão malfadado se confessar.

3. Claro que o mais sofisticado Marcelo não anda distante dessa deriva amargurada: adivinhando-se condenado a ser mera citação no rodapé da História destas décadas, e fracassada a tentativa de devolver o pote aos apaniguados, vai fazendo os possíveis para não desaparecer dos noticiários televisivos. Agora arranjou a convocação de dois Conselhos de Estado para as próximas semanas assim tendo a certeza de manter ainda alguma relevância pública. Mesmo que nada de substancial saia dessas reuniões...

4. Confiança é o que António Costa transparece ao enfrentar uma oposição parlamentar e mediática, que o quis defenestrar, mas vê o enjoo nauseado associar-se à campanha de casos e casinhos em torno da TAP e do ministério que a tutela. O Expresso dá conta de uma suposta frase a nortear o núcleo duto do governo - “com 0,4% de défice é fácil andar em campanha” - provavelmente inventada na redação do semanário, mas expressiva quanto à obsessão da sua direção editorial: também ela sabe que a economia tenderá a consolidar a ação governativa e a suscitar o apoio de quem com ela beneficiará.

5. Quase nunca concordando com as opiniões de Miguel Sousa Tavares tenho de dar a mão à palmatória a respeito da forma como analisa os trabalhos da dita Comissão de Inquérito Parlamentar à TAP: “isto causa muito ruído e muito escândalo mediático, mas nada tem a ver com política, nada tem a ver com jornalismo e nada tem a ver com o exercício parlamentar de fiscalização da atividade governativa.”

6. E há enfim o tal caso Tutti Frutti com que um canal televisivo buscou encontrar combustível para reacender um incêndio, que adivinha prestes a finar-se quanto ao ocorrido na TAP ou com João Galamba. Que tenha servido para uma curiosa guerra civil dentro do grupo parlamentar o PSD só demonstra o desnorte de uma oposição política sem engenho para contrariar uma realidade que a ultrapassa. Mesmo contando com a colaboração de uma procuradora para quem sete anos não bastaram para dar como arquivadas as suspeitas, que não soube fundamentar como verdadeiras. 

1 comentário:

  1. Amigo Inácio a mafia da direita andam mortinhos que haja algo de anormal neste País, o M P. deve estar cheio.

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