segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Os pecados da padralhada

 


1. Com pompa e circunstância vimos confirmadas as suspeitas sobre a reiterada prática de abuso sexual nas igrejas católicas lusas durante as décadas mais recentes. Ficando plenamente justificada a razão porque, em criança, fui precoce herético, fugindo da então quase obrigatória catequese, ao ponto de nem a primeira cumprir. Preferia as animadas brincadeiras com outros travessos miúdos da minha idade, todos dedicando à padralhada a mesma obstinada indiferença.

Em anos mais recentes gozei perversamente com quem confessara ser acólito numa paróquia nortenha e ainda lamento a ambígua sina dos meninos e meninas, quando os vejo fardados de escuteiros na igreja mais próxima do bairro onde moro.

Como resulta do relatório elaborado pela comissão liderada por Pedro Strecht os seminários, os confessionários das igrejas e as salas onde os padres se trajam, comportam perigos, que convém poupar às nossas inocentes criancinhas...

2. A pouco mais de cinco meses da festarola na foz do rio Trancão são múltiplos os sinais de desorientação dos vários atores incumbidos de a organizar. Nada se aprendeu com a Expo 98, quando a liderança de António Mega Ferreira foi providencial para que tudo corresse dentro das melhores expetativas.

Agora, sem a existência de quem tudo coordene, as condições para um indisfarçável flop crescem dia-a-dia.  

3. Leio numa entrevista que o problema da transição energética tem-se agravado nesta conjuntura em que a guerra do sudoeste europeu estabiliza num pantanoso patamar. Seguir-se-á a incógnita sobre como sobreviverão países dependentes das receitas dos hidrocarbonetos e que, sem elas, terão de se reinventar. Cabendo questionar até que ponto a ofensiva imperialista norte-americana em vários tabuleiros (não só o europeu, mas também o asiático!), com a correspondente reação russa ou chinesa, já não são parte substantiva dessa tumultuosa transição energética, que virará do avesso tantas economias globais. 

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