1. A greve dos professores tem suscitado animados debates sobre se a preocupação do governo socialista com as “contas certas” não anda a ser contraproducente na forma como se vão degradando os serviços públicos, mormente nas áreas da educação e da saúde.
Assumido defensor do governo quero crer que o balanço destes sete anos tem sido positivo, sobretudo conjeturando o que resultaria da sua alternativa de direita. Mas, acompanhando o que vai ficando implícito das palavras de Alexandra Leitão, talvez vá sendo altura de aligeirar o foco com a dívida e lançar políticas que, não só sejam de esquerda, mas também o pareçam. Porque, de outro modo, poderão multiplicar-se os discursos oportunistas sobre quase ser a mesma coisa votar socialista ou ppd e assim haver a tentação de experimentar a aparente e falsa variante. Tanto mais que nada de bom se prefigura quando emerge uma forma de anarco-sindicalismo inorgânico de que só beneficia o extremismo à direita.
2. A luta de classes vai-se agudizando na exata medida em que as desigualdades crescem de acordo com os números oficiais: entre 2010 e 2017 os gestores de topo das empresas aumentaram os rendimentos em 50%, passando de 24:1 no rácio relativamente ao salário médio para 33:1. E, no caso da Jerónimo Martins - razão bastante para não entrar dentro de nenhum Pingo Doce - o seu presidente ganha 262 vezes o salário médio dos seus trabalhadores.
3. Que a Terra continua a girar constata-se em Israel, onde já nem sequer são apenas os eleitores anti-Netanyahu a manifestarem-se contra a sua deriva fascizante, porque a eles se somam muitas empresas e as próprias instituições bancárias internacionais. que poem em causa a estabilidade em que assentam os seus negócios.
E, no Brasil, Lula está a conseguir que os garimpeiros abandonem a reserva do povo yanomami depois de nele acelerarem as condições para o levarem ao extermínio. Talvez a Amazónia se salvaguarde da criminosa destruição a que Bolsonaro a devotou...
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