terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

O descaramento das direitas mais radicais e imperialistas

 

1. As propostas do governo para resolver a crise de habitação nas grandes cidades, e suas cinturas metropolitanas, estão a motivar reações histéricas do que, comummente, se associa ao centro-direita, embora a expressão mais não seja do que um eufemismo para caracterizar a direita pura e dura.

Só que, agora, de Montenegro a Marques Mendes, essa direita vai-se aproximando da sua tendência mais extrema, associando as políticas governamentais a “socialismo” ou mesmo ao “comunismo” o que seria risível acaso não fosse estratégia pensada para ostracizar as metas que deveriam ser os polos ideológicos orientadores das nossas sociedades do século XXI.

Como comenta Carmo Afonso na sua crónica de ontem “o PSD está apostado em que todo o eleitorado à direita esteja radicalizado. Mas talvez se engane. Os portugueses são um eleitorado fino como o azeite. Como pretendem convencer os portugueses de que Costa é comunista se ele é apontado como exemplo na União Europeia e se, como primeiro-ministro, segue à risca uma agenda liberal social? Ou será que a UE também é marxista?”

2. Numa altura em que Biden, e todo o seu séquito na Nato, atiram com mais óleo para a fogueira ucraniana é a paz a parecer terrivelmente distante, tendo em conta o rasto de destruição e de mortes acumuladas neste último ano. Fácil é lembrar os impasses da Primeira Guerra quando, meses a fio, verificava-se o tipo de situação que levou Erich Maria Remarque a caracterizá-la no título do seu mais famoso romance: A Oeste Nada de Novo. Agora é do leste que, hélas, nada de esperançoso ocorre.

José Pedro Teixeira Fernandes, que se socorre desse paralelismo, constata a ilusão de ambos os lados julgarem possível uma vitória total ou, pelo menos, esmagadora, para obrigarem o adversário a capitular.

3. No meio dessa tragédia acabam por ser ridículas as ameaças de Antony Blinken a Pequim quanto à tentação de ajudar ainda mais a Federação Russa. Se um dos lados não se priva de enviar farta quantidade de armamentos para quem apoia, ficará à espera que do outro se fique impávido perante a certeza de, acaso a vitória na guerra atual pendesse para o Ocidente, não víssemos a Nato a avançar rapidamente para o prolongado cerco à China como tão eficazmente fez à Rússia desde a implosão da URSS em 1989?

O secretário de Estado norte-americano anda a menosprezar a inteligência chinesa ao revelar-se tão descarado nas suas pretensões imperialistas! 

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