quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

À procura de águas bonançosas

 

Na entrevista à RTP António Costa disse ter aprendido muito com as difíceis experiências por que passou depois da célebre entrevista do “Habituem-se” à Visão. E, de facto, algo parece estar a mudar no comportamento do primeiro-ministro, apostado em arregaçar as mangas e ir para o terreno a mostrar tudo quanto se vem fazendo por conta dos investimentos previstos no PRR. Com resultados tão promissores, que Marcelo depressa se apressou a querer-se-lhe colar nessas deambulações pelo país.

Não será difícil prosseguir com os bons resultados na economia tendo em conta o que resultou do balanço final do ano de 2022: depois da Irlanda e da Letónia, Portugal foi o terceiro país europeu em crescimento do PIB. Mas, mais difícil e urgente, é superar a fundamentada ideia dos bens públicos - desde a saúde à educação, passando também pela habitação! - serem mercadorias que os interesses privados podem abocanhar sem qualquer escrúpulo.

Sete anos passados sobre a sua chegada ao poder, só podemos lamentar o estado em que vemos as escolas, os hospitais, os centros de saúde, ou o desespero de famílias sem rendimentos para alugarem, e muito menos comprarem, casa nas redondezas  dos sítios onde trabalham.

Na revista, que o pôs em causa com a escolha jornalística da pose majestática na capa, a diretora dizia-o ainda recentemente “timoneiro desorientado e desfocado com polémicas e casos entre a tripulação”.

Tendo em conta quem tal diz, podemos relativizar o exagerado juízo, mas como há sempre um fundo de verdade na mais habilidosa das mentiras, bom será que António Costa se agarre ao leme e, sem tergiversações, leve esta barca para águas bonançosas... 

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