1. Ao contrário de outros partidos neofascistas europeus, que conseguiram ganhar suficiente importância para serem temidos pelo potencial em chegarem ao poder, o Chega de André Ventura arrisca-se a não sair do registo de ópera bufa em que tem-se notabilizado. Perante o enorme umbigo do líder, que assume o partido como se se confundisse consigo mesmo, autarcas e deputados vão deixando-o a falar cada vez mais para si mesmo.
Terceira força política na Assembleia da República? Até quando? Tenho uma fezada, que esta legislatura já o deixará minguado por conta da defeção progressiva de alguns dos seus parlamentares.
2. Confirmando a miopia das lentes por que olha para os concidadãos, Emmanuel Macron quis alertá-los para a iminência do fim da era da abundância. Atónitos, os que se sentem representados pela esquerda, questionam: qual abundância se boa parte dos seus eleitores nunca viram essa promessa senão por binóculos de grande alcance?
O grande desafio, que se coloca ao presidente francês e seus colegas do Conselho Europeu é como livrarem-se do grande molho de brócolos em que se envolveram ao aderirem impensadamente aos interesses norte-americanos. Porque, enquanto os ucranianos e os russos pagam os custos da guerra em sangue, e a generalidade dos europeus no esbulho das suas carteiras, a Casa Branca poderá congratular-se por, uma vez mais, ver a economia singrar à conta da alavancagem dos lucros do tal complexo industrial-militar para o qual já Eisenhower alertava.
3. Um dos maiores mistérios sobre o que se passa nessa guerra é como gente com aparentes dois dedos de testa se deixam levar pela propaganda de Zelenski a propósito da central nuclear de Zaporijia. Em suma: se os russos estão a ocupá-la, que ganhariam em ataca-la, sobretudo se, como o denunciaram fotografias de um técnico aí a trabalhar, a aproveitam como escudo de proteção para os seus tanques e outros stocks militares? Que interesse teriam os invasores em destruírem um equipamento primordial na capacidade de causar mossa ao inimigo - não esqueçamos, que vem dali boa parte da energia, que chega ao resto da Ucrânia e em vias de ser transferida para a Crimeia e o Donbass?
Compreende-se o desespero do comunicador-mor de Kiev com a possibilidade de ficar às escuras em boa parte do país ainda sob o seu controlo e por isso desespera por uma intervenção internacional, que desmilitarize a central, mas adivinha-se que anda a tomar os sonhos por ilusórias realidades. Putin é suficientemente execrável para não se coibir com escrúpulos relativamente aos males causados aos que teimaram em desafia-lo!
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