sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Escolhas que só ao Diabo cabe!

 

Estamos nesta época em que são demais os que olham para a realidade a preto-e-branco, apontando uns como bons e outros como maus de uma fita que melhor justifica a opção pela rejeição de todos, mesmo com nuances, que se confiram circunstâncias atenuantes a quem as faz, objetivamente, por merecê-las.

Vide as eleições angolanas: não há ali quem se aproveite, mas se o MPLA é mau demais, que dizer dos sucessores do criminoso Savimbi? Pelo sim, pelo não, formulem-se votos para que o vencedor ecoe alguns dos valores da sua matriz original, quando o fundaram alguns dos mais valorosos intelectuais angolanos. Porque a corrupção é um facto nuns e uma ânsia gananciosa nos que se lhes opõem, tudo estando por fazer para distribuir pelo povo as muitas riquezas de um vasto território até agora esbulhado pela sua indigna elite.

Refira-se, igualmente, esta guerra entre os EUA e a Rússia em território ucraniano e tendo a NATO como fiel escrava das estratégias imperialistas do Pentágono. Putin é, de facto, um político execrável, mas será o comunicador-mor de Kiev melhor adornado de qualidades? As suas contas em paraísos fiscais, a forma como ilegalizou partidos da oposição e legislou contra os direitos dos trabalhadores ucranianos dizem muito sobre a sua escala de valores, que incluem a exigência de imposição de um racismo antirrusso à escala europeia sem lhe importar se muitos dos que querem vir para ocidente têm a mesma estima por Putin, que ele aparenta ter.

Uma das entusiastas quanto à imposição dessa condenação de todos os russos por igual é Sanna Marin, a primeira-ministra finlandesa, por estes dias transformada em santa por umas quantas feministas da treta só por ser mulher e imitar Boris Johnson naquele tipo de festas ultra explorado pelos populistas de extrema-direita nas redes sociais.

Pessoalmente continuo a exigir dos nossos políticos uma gravitas, que justifica a antipatia por Marcelo Rebelo de Sousa, cujo estilo continua a ser o de um populista atoleimado. Nesse aspeto as extremas-direitas comportam-se dentro da lógica do elogio das suas supostas públicas virtudes, quando se lhes conhecem os privadíssimos vícios.

A contestada primeira-ministra finlandesa anda a aprender uma lição, que lhe deveria iluminar a evidente imaturidade: não lhe basta aderir entusiasticamente à NATO ou execrar os russos como um todo para se fazer amar pelos concidadãos de direita. Por ser mulher e ilusoriamente parecer de esquerda, será sempre um alvo a abater!

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