Enquanto ateu assisto da bancada aos sucessivos escândalos, que têm vindo a lume sobre os abusos sexuais na Igreja Católica, mas não estranho, que a imposição de algo tão antinatural como é a obrigatoriedade da castidade aos seus sacerdotes redunde em perversas consequências. Querendo impor valores absurdos aos prosélitos as religiões sujeitam-se ao progressivo descrédito de quem lhes deteta as incongruências, podendo levar essa consciência até pôr em causa o essencial: será que o tal Deus, que exigiria essa castidade aos padres, existe de facto? E, a nele manter a crença de se tratar de um ser perfeito, como compreender que, na capacidade para estar em toda a parte, assista impavidamente aos crimes praticados pelos que exigiria serem castos, não pecando por atos nem por omissões?
Vivendo perto de uma igreja espanta-me a multidão, que a frequenta todos os domingos, olhando para ela com a tentativa de compreender o que leva tanta gente a acreditar em algo que não passa pelo crivo fundamental da verdade científica. Ora, num século em que a Ciência terá avassaladora importância à medida que os problemas climáticos e a mudança dos paradigmas relacionados com as necessidades de alimentar e dar condições de conforto aos quase oito mil milhões de viventes, não se vislumbra qualquer possibilidade de comprovar a existência de uma qualquer entidade divina. Se Vinicius de Moraes anunciou que Deus já morrera de cancro, eu presumo antes que ele nunca existiu. Por isso aos ainda crentes, que ainda não aderiram à lógica racional de dispensarem esse suposto privilégio de ter fé (quantas vigarices tiveram sucesso ao longo da História da Humanidade com a ingénua aceitação dos dogmas debitados pela suposta autoridade dos seus perpetradores?) resta questioná-los sobre até quando evitarão colocar a si mesmos a hipótese de terem passado as suas vidas a lavrarem em inexplicável logro?
Se Galileu quase foi queimado no seu tempo por proclamar que a Terra move-se, cinco séculos depois ela continua a girar... mesmo havendo quem o não queira reconhecer!
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