quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Os engenheiros das obras feitas novamente ao ataque

 

1. A importância que o «Público» dá às novas propostas da Sedes para acelerar o crescimento económico do país justifica que volte a lembrar aquele meu encarregado para quem não faltavam à volta os «engenheiros das obras feitas», ou seja gente, que nada fez de relevante, mas a quem não faltavam opiniões sobre como as obras deveriam ser concretizadas.

De Álvaro Beleza ou Abel Mateus nada sobra de importante, que tenha marcado os respetivos currículos como relevantes para o país, embora um e outro bem se tivessem esforçado para mimarem os egos com cargos para os quais lhes falhava manifestamente o talento. Um chegou a aspirar ser líder do Partido Socialista, mas teve de contentar-se com a pertença a um secretariado de má memória, o outro andou por cargos bancários excecionalmente bem remunerados, mas deve-se-lhe parte substancial da responsabilidade quanto às condições equívocas em que Portugal aderiu ao euro.

Agora ambos apresentam um livro com 57 ideias para duplicarem o PIB português e são um regabofe para o patronato: a redução dos direitos laborais e o incremento dos correspondentes deveres, a privatização parcial (sempre prenúncio do que se seguiria) da Segurança Social, a aceleração da destruição do Serviço Nacional de Saúde ou a construção de centrais nucleares no território português.

No conjunto o livro da Sedes é um completo desaforo, mas não duvidamos que terá ampla publicidade nos jornais e televisões, merecendo do «especialista em economia» da SIC um enlevado entusiasmo.

2. Ascenso Simões tem toda a razão, quando associa à choldra queirosiana a indecorosa campanha dos últimos dias sobre a frustrada contratação de Sérgio de Figueiredo pelo Ministério das Finanças. E associa-se ao texto do visado no Jornal de Negócios quando conclui que “a inveja faz de nós gente pequena, e isso impede que possamos sair da eterna tristeza que nos assola”.

3. Luís Osório andou atento às conversas de café e concluiu que a opinião pública em nada coincide com o apressado enterro por alguns anunciado relativamente à carreira política de Pedro Nuno Santos. Porque, uma vez mais, a definição quanto à construção do novo aeroporto voltou a ser adiada para as calendas e, enquanto António Costa fica inevitavelmente associado aos que engonham e não fazem, Pedro Nuno cresce na consideração dos que admiram a capacidade de fazer, mas a quem levantam contínuos obstáculos. Daí que o jornalista preveja a forte possibilidade de, tão-só demore a resolução da indefinição quanto a essa infraestrutura, o ministro da área continue a somar apoios para vir a suceder a quem, inevitavelmente, acabará por meter os papéis para a reforma.

4. E na pertinaz tentativa de ocupar o espaço mediático, Luís Montenegro lá voltou a demonstrar a insipiência do seu discurso político feito de demagógicas críticas aos que esforçam-se por minimizar os efeitos da seca e das altas temperaturas, acautelando a segurança das populações. Optando por dizer o que julga produzir maior efeito em quem o ouça, Montenegro mantém a imagem de vendedor da banha da cobra.

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