quinta-feira, 28 de abril de 2022

Cenário plausível

 

1. Imaginemos um cenário plausível: ao fim de quatro anos na Casa Branca a limitar-se a cumprir os desígnios do complexo militar, que o incita a despejar armamento sem fim sobre a Ucrânia, Joe Biden poderá ser derrotado por Donald Trump, que aproveitará o regresso em força ao Twitter depois da sua compra por Elon Musk. E que Vladimir Putin, capaz de resistir a todas as sanções, conseguirá reavivar o ascendente sobre um ocupante da Casa Branca de quem se suspeita ter argumentos para chantagear. O que será então desta Europa pífia comandada por uma Presidente da Comissão Europeia e por um secretário-geral da Nato, que rivalizam quanto a qual deles atira mais óleo para a fogueira, comportando-se como exaltados falcões do Pentágono? Como poderá a Europa, liberta da dependência energética russa, escapar aos ditames de um presidente negacionista das alterações climáticas, que a fará curvar-se perante a mudança de subserviência e aceitar condições, que hoje julga apenas possíveis a partir do Kremlin?

Mais de dois meses passados sobre a invasão da Ucrânia, entretanto destruída para que nós, europeus, venhamos a arcar com os custos da sua reconstrução, a guerra é ali intensa entre dois imperialismos, que se equivalem em ganância expansionista. Um irreversivelmente decadente desde a implosão de 1989, o outro a seguir-lhe as pisadas, porque os chineses vão pacientemente aguardando pela sua vez. Perante os cadáveres e os prédios destruídos os ucranianos comuns não compreendem como se viram enredados numa tal tragédia pagando pesado tributo à infelicidade de terem nascido e vivido numa terra, que se revela tão madrasta. E vão-se iludindo com uma liderança seriamente comprometida com o que aconteceu antes de 24 de fevereiro e em muito o provocou...

2. Em tempos jornalista meritória, Fernanda Câncio parece derivar para aquilo que o seu novo patrão, Marco Galinha, parece apreciar. E aquilo que acaba de propor: a condenação do Partido Comunista pela sua posição sobre a guerra na Ucrânia, é mais um passo na sua definitiva perda de credibilidade...

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