1. É problema que afetará muitos portugueses nos tempos que se seguirão: o aumento das taxas Euribor, agora chegadas a terreno positivo depois de anos de estabilidade, prometem agravar-se a médio prazo, dificultando a compra de casa pelos mais jovens. Que, somada à precariedade no emprego, veem ainda mais distante a satisfação da ânsia em emanciparem-se economicamente e singrarem vida fora com a justiça social, que lhes é devida.
Tratar-se-ia de uma boa razão para apostarem na vontade de transformação política, que tivesse por móbil a redução das desigualdades entre os que tudo têm e os que tanto pretenderiam ter. Mas não se esperem diferenças no que tem sido a sua atitude nas décadas recentes: a desesperança frustrada que os leva a abraçar os cantos de sereia das extremas-direitas economicamente liberais ou a indiferença de quem se julga impotente para alterar o que quer que seja. Que diferença, hélas,, em relação aos jovens que fomos nos anos sessenta ou setenta quando acreditávamos no potencial para mudar o mundo à nossa medida!
Pode-se argumentar que falhámos e não nos aproximámos um milímetro que fosse das pretendidas utopias, mas por que não acreditar nas possibilidades de sucesso de novas tentativas nesse sentido?
2. E há, é claro, o problema da inflação, que já chegou a 5,3 % no mês transato. Com o governo apostado em querer conter salários - a começar pelos da função pública - para evitar a espiral inflacionista tão temida pelos bancos centrais como podendo vir a tornar-se incontrolável.
Quem viveu as taxas de dois dígitos dos anos posteriores ao 25 de abril bem sabe quanto elas implicaram rápidas perdas de poder de compra que, neste momento, justificam os nossos maiores receios. Por isso mesmo, e apesar das dificuldades para o conseguir, parecem mais asizadas as medidas previstas pelo governo no OE2022 para evitar esses cenários.
3. Sem sentido do ridículo mantém-se Luís Montenegro que vem gabar-se hoje de ter como passado a ligação a Passos Coelho, enquanto António Costa conta com a de José Sócrates.
Desconfio que o sucessivamente fracassado candidato a líder do PSD continua sem o sentido das realidades: será que olhando para o que viveram durante os governos de Sócrates e de Passos, a maioria do portugueses terão grandes dúvidas sobre com qual terão vivido melhor?
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