Quatro meses depois da crise, e cinquenta dias depois da Elza sair do hospital, posso tranquilizar todos os amigos, que se preocuparam com o seu estado dando conta de uma recuperação, que vai muito além das nossas melhores expetativas. Não é que o combate tenha terminado - afinal só ainda começou! - mas esperamos prolonga-lo por muitos e bons anos, vivendo ainda muitos momentos de profunda felicidade. Agora torna-se possível voltar aos blogues e às redes sociais com maior disponibilidade prosseguindo o afã de neles contrariar a tentativa das direitas em fazê-los espaços de propaganda exclusivamente seus. Se não formos nós a desmentirmos-lhes as mentiras, e impormos a nossa perspetiva humanista e sustentável de como deve evoluir o mundo, não haverá quem nos substitua. Nenhum de nós é dispensável nessa luta de ideias, que possa contribuir para que as palavras da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade, Fraternidade - continuem a fazer sentido. E o Socialismo é a única resposta admissível para mudar estas sociedades capitalistas cada vez mais selvagens em que uns se julgam apenas com direitos porque aos outros reservam o cumprimento dos deveres. Mormente o de anuírem em serem explorados.
Quatro meses depois nada mudou de substancial na nossa realidade: temos um governo competente, que tem contrariado as sucessivas vagas da pandemia com uma eficácia, que se adivinha impossível de replicar por qualquer uma das oposições, incluindo a de um Presidente cada vez mais impaciente com uma solução política, que lhe é ideologicamente adversa. Bem pode Marcelo pedir aos empresários para que financiem os adversários do governo, que esse investimento demonstra ser de pífio retorno. Que ganha um desses empresários em financiar Rui Rio? O discurso do principal líder da oposição continua a ser tão cinzento e inconsistente, que nunca conseguirá arrebatar grandes entusiasmos nos que não são seus prosélitos!
O CDS é um moribundo a que só falta dar a definitiva extrema-unção. O Iniciativa Liberal esgota-se no marketing chico-esperto, porque as ideias cheiram a mofo e revelam-se desajustadas da fase histórica em que nos vemos.
Resta o Chega, que alguns patrões saudosos do salazarismo financiaram com grande entusiasmo, crentes de verem Ventura imitar Marine Le Pen ou Matteo Salvini como putativos líderes de uma oposição mais determinada a António Costa. Mas não só o personagem luso limita-se ao oportunismo de quem adivinha os preconceitos de uma pequena franja da população portuguesa, como se depara com o declínio dessa extrema-direita europeia, que a própria União Europeia começa a contrariar fazendo de Viktor Orban o primeiro alvo de uma estratégia a seguir passível de ser replicada com os líderes polacos e eslovenos.
Que as sondagens deem a soma de todas as direitas abaixo dos 40% não igualando sequer as previsões das votações do Partido Socialista só mostra que Marcelo bem pode esperar sentado para que um qualquer Sebastião venha numa manhã de nevoeiro salvar o seu campo político das próximas derrotas eleitorais.
Restam os bloquistas e os comunistas como fiéis da balança. E se se pode lamentar que os últimos estejam a perder influência social e política por não se saberem adaptar a uma nova realidade em que os novos proletários são os jovens precários, que não conseguem estabilizar a vida com empregos dignos desse nome, desiludem-nos os segundos pela propensão para votarem ao lado das direitas em decisões políticas, que tendem a alcançar objetivos imediatos, mesmo que sem efeitos substanciais no médio e longo prazo. Os pupilos do papa Louçã já ter-se-ão conformado com o facto de nunca chegarem a ser um Syriza e inquietam-se com a tendência para imitarem os vizinhos espanhóis do Podemos num crepúsculo sem glória.
O futuro continuará a passar pelo Partido Socialista e será na liderança futura, subsequente à saída ´de António Costa como secretário-geral, que se definirá se o país se orientará mais para a esquerda ou se voltará às tentações de uma Terceira Via como a que António José Seguro procurou enxergar.
Jorge Rocha, antes do mais, desejo à sua esposa uma rápida e completa recuperação.
ResponderEliminarMas voltamos a discordar, a Terceira Via não foi inaugurada por Seguro e sim por Guterres, e quer Sócrates ou Costa continuam nesse mesmo registo. O perigo de Seguro era outro, o do populismo justicialista, da colaboração com a Direita e da incompetência.
Socialismo é aquilo que nem BE nem PCP são capazes hoje de defender. Felizmente, digo eu, porque os primeiros anos do consulado de Mitterrand se encarregaram de mostrar a inoperância de tais soluções...
Já não seria mau um PS com flexibilidade orçamental suficiente para ser social-democrata...
Bem vindo "de volta" à luta. Que a saúde da Elza se consolide e longa vida para os dois. Felicidades.
ResponderEliminarFelicidades aos dois. Um abraço.
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