quarta-feira, 11 de agosto de 2021

A maligna irracionalidade de gente deplorável

 

1. Na sua crónica de hoje Rui Tavares lembra no «Publico» uma frase eloquente de David Hume sobre as mentiras e preconceitos acreditados por muita gente inepta: “Não se consegue tirar racionalmente uma pessoa de uma crença na qual não entrou racionalmente”.

A citação faz pleno sentido se lermos o inenarrável texto de uma secção transmontana do Chega que alguns amigos têm tornado virtual nas redes sociais sem conseguirem exprimir quaisquer comentários, porque ele fala por si: revela uma tal idiotice de quem o escreveu, que adivinhamos-lhe um QI correspondente. O problema é que os mentecaptos não gostam de ser como tal considerados. Pelo contrário ufanam-se de umas certas «verdades», que só eles vislumbram. Daí que seja difícil trazê-los para a realidade e fazê-los compreender quão afastados dela estão. Mas alienados por televisões, que competem entre si na divulgação dos valores e sons das músicas pimba, por padres e pastores evangélicos pródigos em lhes requererem óbolos e dízimos a troco de prodigiosos encantos no Além ou deixando-se embalar pelos discursos populistas e xenófobos de Ventura & Cª, eles são deploráveis, como os classificava Hilary, quando os reconhecia como apoiantes de Trump e dificilmente têm remissão. A consciência política e, sobretudo de classe, vai-se consolidando numa vida de efetiva participação cívica, de permanente aquisição de conhecimentos e de análise criteriosa de qual a mais credível informação.

Infelizmente nada dessas três vertentes coincidem com o percurso de vida feito por tal gente. Que, inconsciente, disponibiliza-se para se constituir idiota útil ao serviço de interesses que, quase sempre são opostos aos que deveriam salvaguardar.

2. Outro caso que já dispensa grandes comentários é o do percurso político de Pedro Santana Lopes. Naturalmente que ele justifica que revisitemos a velha frase de Hegel, que dizia a História sempre capaz de se repetir pelo menos duas vezes. Ao que Marx acrescentou ser a primeira uma tragédia, a segunda uma farsa.

No caso de Santana Lopes foram trágicos os meses em que foi primeiro-ministro e acumulou um sem-número de trapalhadas até Jorge Sampaio o devolver à procedência por manifestamente incompetente para o cargo. Daí em diante tem sido um contínuo rol de tentativas de regresso à ribalta culminadas com as derrotas nas eleições internas do seu antigo partido, a criação de um outro de que, entretanto, saiu e, agora, a pretensão de regressar ao sítio onde melhor julga alcançar os seus objetivos. Mas as embrulhadas de puro amadorismo são de tal monta, que verá possivelmente impugnada a candidatura para lástima da conhecida peixeira em cuja casa se albergou e cuja ânsia de protagonismo a tentou a associar-se de novo a tão desqualificado cúmplice. 

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