quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Os números do INE e a urgente mudança do sistema económico

 

Os números mais recentes do INE devem ter dado a Rui Rio a perceção da aceleração do curso da areia na ampulheta, que mede o tempo em falta para a sua queda dentro do PSD, O crescimento económico de 4,9% em cadeia no segundo trimestre deste ano e de 15,5% em relação ao período homólogo de 2020 demonstra que, apesar de casos como a Dielmar, esse indicador está em franca progressão. Melhor ainda há mais 36 mil portugueses empregados do que quantos se contavam no mesmo trimestre de 2019, mesmo reconhecendo-se a precariedade de muitos deles.

Se o eleitorado vota de acordo com quanto tem na carteira a implementação dos investimentos propiciados pela bazuca europeia só tenderá a consolidar uma maioria governamental que dispensará a muleta dos partidos das direitas.

Esse curto/ médio prazo não invalida a circunstância de vermo-nos obrigados a livrarmo-nos dos excessos consumistas se queremos evitar o anunciado Apocalipse climático. Não deixa de ser perturbador que haja quem afiance a necessidade de replicar nos anos vindouros a redução de emissões de dióxido de carbono - 7% - conseguida no último ano graças à redução da circulação rodoviária, aérea e marítima por causa da pandemia. Se queremos limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5ºC seria necessária uma pandemia anual e, ainda assim, não nos livraríamos da acidificação e da subida do nível dos oceanos. Ou então uma mudança de sistema económico, porque a predação dos recursos naturais e o seu consumo pelo capitalismo selvagem, ainda vigente, só acelerará essa insustentabilidade da vida em grande parte do planeta, quando o legarmos aos nossos netos. Mais uma razão para pugnarmos por uma sociedade diferente em moldes socialistas e ecológicos. Algo que assustará sempre quem vive da especulação financeira ou da exploração de recursos energéticos não renováveis, mas que será uma prioridade para as novas gerações que sentirão na pele, mais do que a dos mais velhos, as consequências de nada continuar a ser feito de substantivo para alterar a deriva assustadora para que nos empurram as direitas a nível mundial. 

1 comentário:

  1. O problema não é o capitalismo, Jorge Rocha, é a ideologia de crescimento contínuo e ela não é só subscrita pelos capitalistas.

    Os socialistas são todos progressistas. Os ecologistas são de facto conservadores...

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