segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A chatice de não saberem como recuperarem o pote

 

Garantir o Futuro foi um dos lemas do Congresso do Partido Socialista, que decorreu este fim-de-semana. E que constituiu uma imensa maçada para as oposições, sobretudo as acantonadas nas televisões, que não encontraram motivos bastantes para conseguirem apimentar os noticiários com os casos e casinhos inerentes à sua agenda editorial. Não há guerras internas, não se vislumbra quando António Costa sairá de cena e os discursos orientaram-se invariavelmente para o muito que tem sido feito e para outro tanto ainda por fazer.

Rui Rio, que não sabe como descalçar a bota incómoda em que se vê enfiado, não tem melhor reação do que olhar o PS como espelho do PSD e adivinhar fraturas e grandes cismas quando o primeiro-ministro deixar de o ser. Angustiado, refere cenas de bastidores que mais ninguém viu a não ser ele. Mas há quem leve o delírio mais longe e almeje a chegada desse dia como relacionado com a transferência de António Costa para importante cargo em Bruxelas. Para as direitas, a quem ele vai reduzindo a pífio chilrear, a solução parece ser a de o quererem promover à força para cargos internacionais esperançadas em terem alguma oportunidade perante o seu sucessor ou sucessora.

Face a tal pântano nas suas trincheiras há quem aposte no tempo que possa voltar para trás. No “Público”, José Eduardo Martins prega pelo regresso de Passos Coelho como sendo o único capaz de fazer regressar os perdidos prosélitos à Terra Prometida. A exemplo de quem anda por estes dias a enganar-se com o regresso aonde terão sido felizes - Santana Lopes à Figueira da Foz, Cristiano Ronaldo a Manchester - o antigo dirigente laranja parece esquecer a demonstrada lição de nunca se alcançarem soluções auspiciosas com a revisitação de mitificados passados. A não ser que, arguto como é, Martins queira enterrar definitivamente um antigo líder por quem nunca morreu de amores.

Uma última referência ao artigo de Boaventura de Sousa Santos sobre a TAP e que nos alerta para o quão ignóbil continua a ser a escolha editorial da RTP ao dar tempo de antena para o patrão da Ryanair repetir os seus conhecidos desaforos contra o governo da República e a decisão de fazer da companhia aérea uma das suas principais opções estratégicas. Ter um serviço público, pago com os nossos impostos, a cometer tal vilania só justifica que nos interroguemos quando, finalmente, se procederá à urgente barrela capaz de nos livrar de tão poluídas mentes. 

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