quinta-feira, 20 de junho de 2013

POLÍTICA: O PS e o inquilino de Belém

A mais recente demonstração de cavaco silva em como nem sequer pretende dar sinais ilusórios do cumprimento do papel constitucional de «representante supremo de todos os portugueses» merece do Partido Socialista uma resposta veemente. Porque o descontentamento de quem já deveria ter recebido o subsídio de férias e se vê dele (transitoriamente?) espoliado por um conluio inaceitável entre passos coelho e o presidente da república precisa de ter uma voz a representá-lo para além dos expectáveis protestos dos comunistas, dos bloquistas e dos sindicalistas.
Se não fosse frouxo, como o reconheceu Mário Soares numa entrevista recente, António José Seguro teria aqui a oportunidade para emergir com firmeza contra a política anticonstitucional praticada autoritariamente por quem ainda está empossado em funções para as quais perdeu a legitimidade moral.
É que, sendo cada vez mais notório o divórcio entre os cidadãos e o inquilino de Belém, espera-se de quem pretenda liderar o próximo ciclo político a denúncia corajosa do que deveria ser verdadeiramente o papel de um Presidente digno desse nome neste tempo de crise em que estamos instalados. Nesse sentido, porque não deverá o partido, hoje maioritário entre os portugueses, dar voz ao sentimento por eles reiteradamente expresso em sondagens e manifestações?
Argumentarão os mais timoratos que deverá acautelar-se a situação de coexistência entre o próximo governo liderado pelo líder socialista com um presidente ainda em funções durante intermináveis meses antes de ser definitivamente atirado para o caixote do lixo da História. Mas devemo-nos questionar: ganhou alguma coisa José Sócrates com um comportamento quase irrepreensível relativamente a quem sempre o quis derrubar para dar lugar aos seus apaniguados? Pelo contrário: ficará registado para memória futura toda a conspiração alimentada em Belém para que o governo socialista caísse o mais rapidamente possível, contando para isso com o então diretor do «Público». E faltará ainda esclarecer os conluios existentes entre muitos jornalistas, empresários, polícias, juízes, magistrados e certos protagonistas menores, mas terrivelmente eficazes, na criação do que será fácil de caracterizar como uma urdidura com raízes bem mais recuadas, quando se procurou destruir a liderança do Partido Socialista com campanhas como a da pedofilia ou de diversos «casos» de corrupção.
Que adianta saber que são os oliveiras e costas, os duartes limas ou os isaltinos, quem acabaram condenados, se nunca se conseguiu levantar em torno do PSD ou dos homens do presidente, o clima de suspeição lançado em certas alturas sobre os dirigentes socialistas? E que a máquina de andar a escapar à suspeita com a agilidade do meliante, que corre pela rua a gritar «agarra que é ladrão!», continua bem oleada, demonstra-se no episódio desta semana com a suposta apresentação das conclusões da comissão parlamentar sobre as PPP’s. Não se ouviram telejornais a querer imputar ao governo de José Sócrates a grande responsabilidade pelo buraco financeiro relacionado com essas parcerias? Mesmo que elas só sejam 8 das quase duas dúzias existentes e constituindo a Lusoponte o caso mais escandaloso?
Temos, pois, uma direita a cumprir o sonho de uma maioria, um governo e um presidente, aproveitando para fazer um PREC ao contrário de forma a empobrecer a maioria dos portugueses para que interesses privados aumentem a sua riqueza. E cavaco está a ser o esteio dessa estratégia..
Para António José Seguro deveria ser o momento de mostrar a determinação de quem quer e sabe estabelecer ruturas com o anúncio de um tempo novo em que os cidadãos se possam encontrar nas suas aspirações.
Mas seria esperar demasiado de quem se tem revelado bastante hábil a gerir o partido de forma a kimilsunizá-lo, mas esquecendo-se do distanciamento que os portugueses  vão demonstrando a seu respeito. Porque estar à frente nas sondagens não basta para formar um Governo digno desse nome. Será necessário que quem o vier a apoiar o veja, já não como um mal menor, mas como um projeto fiável e potenciador das esperanças ultimamente tão esmagadas no cinzentismo em que vamos vivendo...



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