Esta noite, no telejornal da RTP2, a filha de Fátima Felgueiras entrevistava Carlos Carvalhas a propósito das notícias do dia procurando manipulá-lo para duas mensagens, que pretendia passar: primeiro, que os trabalhadores das empresas transportadoras, em vias de se tornarem alvos prioritários da sanha ultraliberal de Álvaro Santos Pereira, usufruem de mordomias escandalosas, como se não nos devêssemos antes escandalizar com as obscenas comparações entre a imensa riqueza de uns e o empobrecimento galopante da grande maioria. Depois, e em paralelo com a condenação da ex-primeira-ministra ucraniana a sete anos de prisão, com a possibilidade de também José Sócrates vir a ser julgado. No que demonstra a prossecução de um ódio visceral da direita mais troglodita contra o primeiro-ministro dos últimos seis anos...
A uma e outra habilidade, o ex-secretário-geral comunista furtou-se com algum incomodo, permitindo que subsistissem essas nada inocentes mensagens num patamar subliminar.
Quem tivesse dúvidas quanto ao presente enfeudamento da comunicação social ao discurso deste Governo ficaria devidamente esclarecido. E que os manipuladores de hoje sejam os propagandistas da tese da asfixia democrática do anterior Governo diz bem do despudor de toda esta gente...
Será conveniente estarmos atentos a quem se presta a esta oportunista função de reproduzir a voz do dono para que, recuperada a governação, se tenha mais cuidado do que se teve da última vez, quando se deixaram as Fátimas e as Judites a emitirem sucessivas mensagens contra o então legítimo Governo votado pelos portugueses!
Como de costume a esquerda continua a mostrar-se ingénua no que diz respeito à comunicação social: foi só esperar pela mudança de governo e constatar quantos rostos televisivos foram designados como assessores de ministros, de grupos parlamentares da direita ou de instituições estatais. Conclui-se que o Governo era socialista, mas os jornais e televisões não eram apenas propriedade de gente de direita: também os jornalistas eram, em grande maioria, gente despudoradamente vinculada às posições ideológicas mais retrógradas. No que constitui um paradoxo relativamente à grande herança da profissão que, décadas a fio, acompanhou as forças mais empenhadas em mudanças sociais favoráveis às maiorias.
O jornalismo arrisca-se a ser visto como uma espécie de prostituição ideológica ao serviço de quem lhes paga como devem «pensar»...
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