domingo, 9 de outubro de 2011

Eleições na Madeira: uma vitória de Pirro

Os resultados da Madeira poderão dar algum ânimo à direita, mas revelam-se bastante ilusórios quanto aos sinais neles perceptíveis.
Em primeiro lugar é bastante consolador saber que Alberto João irá contar com a maioria absoluta, que o privará de quaisquer álibis para justificar as medidas draconianas a que será obrigado por ter vazios os cofres da região. Por muito que culpe os cubanos do Continente, será ele a dar a cara por um conjunto de medidas governativas criadoras de um enorme desemprego e de um aumento drástico de impostos. Será esta, por isso mesmo, a última maioria absoluta do PSD na Região por muitos e bons anos.
Em segundo lugar a óbvia transferência de votos do PSD para o CDS só comprometerá a actual coligação em Lisboa, porquanto ambos os partidos terão a tentação de adoptar discursos políticos opostos quanto ao que se passará doravante na Região. Pondo em causa a solidez dessa momentânea coligação de interesses!
Ora, jamais abandonando a ambição de chegar a primeiro-ministro, Paulo Portas tenderá a imaginar a possibilidade de uma transferência de votos semelhante no Continente. Bastará que sinta a fragilidade do seu parceiro de coligação para o deixar cair.
E a oportunidade surgirá já nos actos eleitorais de 2013, altura provável para novas eleições legislativas.
Terceiro aspecto a reter: a quebra de votação nos partidos de esquerda, que perderam votos para candidaturas singulares, merecedoras de confiança dos eleitores mais pelo estado de confusão destes do que devido à solidez das suas propostas políticas.
As soluções populistas cumprem os seus ciclos e esgotam-se na sua própria vacuidade ideológica. E será então que o Partido Socialista, a CDU e o Bloco de Esquerda deverão surgir com propostas consistentes, capazes de convencerem os madeirenses em como o seu futuro não poderá continuar refém da truculência irresponsável do político que os terá (dês)governado durante quase quarenta anos…
Não são derrotas destas, que devem paralisar as esquerdas. Deve-as sim obrigar a iniciar desde já a preparação das vitórias futuras!

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