Foi há doze anos que estive na China pela última vez depois de aí ter vivido durante cinquenta e tal dias no ano anterior.
Nessa altura a sua realidade tornou-se-me mais complexa do que a visão ilusória colhida anteriormente nos meus anos de simpatias maoístas. Mas a leitura desse imenso império pela edição mais recente do «Nouvel Observateur» ainda é muito mais contundente nos aspectos negativos do que tranquilizante nos de merecimento de um regime só ciomunista de nome, porque totalmente rendido aos preceitos do capitalismo selvagem.
Para quem não se conforma com a definitiva condenação da herança ideológica dos ensinamentos de Marx, a realidade chinesa é um fascinante laboratório de análise. Porque ali falharam estrondosamente algumas das propostas mais operacionais da ideologia em causa, dando azo ao autoritarismo nepotista de uma clique privilegiada sobre a grande maioria dos explorados. Justifica-se a tal respeito esta interrogação: em que momento se verificou o desvio para a caricatura do que deveria ser uma utopia levada à prática?
E, em alternativa: como será possível recolocar nos carris um comboio tão descarrilado do seu curso inicial?
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