Ao passar mais um aniversário sobre a data mítica da grande greve antifascista de 1934, ganha particular acuidade a óbvia similitude entre o candidato Cavaco Silva e o tenebroso ditador, que oprimiu a maioria dos portugueses durante mais de quarenta anos.
Se Salazar alimentou uma fantasia lusitana baseada num país de brandos costumes, aonde se premiava a humildade e se castigava o livre pensamento, Cavaco Silva fomenta de si uma imagem completamente falsa de ideal de virtudes acima da «podridão política» como se não fosse ele o mais duradouro titular de cargos públicos desde o 25 de Abril.
Paradigma de tudo quanto de negativo existe no Portugal de hoje, é um dever higiénico contribuirmos para o remetermos para o tal caixote do lixo aonde fiquem sem remissão todos os medíocres, que terão trabalhado para que as coisas continuassem a ser como são.
Há quem acene com a falta de conhecimentos de Economia de Manuel Alegre para justificar a opção pelo seu adversário, tanto mais que a situação conjuntural exigirá sagacidade nesse campo de análise política. Mas terá alguma vez mostrado Cavaco Silva alguma capacidade nessa vertente, ele que deve a sua fama e proveito aos estranhos amigos de que se rodeou e de ter-se revelado o oportunista crasso para quem os socialistas prepararam os lautos fundos europeus com a entrada para a CEE e que ele (des)aproveitou numa orgia de maus investimentos, que o deveriam condenar perpetuamente a uma proibição expressa de voltar a ocupar cargos públicos?
Cavaco Silva é o maior exemplo de como a fantasia lusitana de Salazar continua a produzir sucedâneos míticos de tão néscia dimensão, mas que persistem tão malignos como a torpe ditadura de que se revela inconfessado discípulo...
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