Um em cada quatro portugueses manifestou ontem a vontade de ter Cavaco Silva como inquilino do Palácio de Belém por mais cinco anos. Escolha lamentável de uma minoria, que nos vai impor uma personalidade serôdia, mesquinha, conservadora, paradigma do que são os portugueses no seu pior. Porque nada o dissocia da imagem do sonso armado em esperto, que nunca se compromete quando os ventos sopram agrestes (nunca foi capaz de um mínimo gesto de coragem cívica durante o fascismo!), que é capaz de participar em trafulhicescomo se fosse um inocente investidor (e ganha assim obscenos lucros nos seus investimentos!) ou de fugir ao fisco com habilidades pelas quais outros seriam trucidados (vide o caso de António Vitorino a respeito da sisa de uma sua propriedade, episódio menoríssimo em comparação com o caso singular da troca da casa de férias algarvia!) ou ainda de alimentar o lamentável episódio da conspiração antigoverno em cumplicidade com o jornal de Belmiro de Azevedo, mesmo atirando então às feras um seu fidelíssimo sicário, quando toda a tramóia saiu desmascarada...
É este autoproclamado modelo de virtudes públicas, que deveremos aturar por mais um ciclo político. Quando o período de campanha apenas confirmou o que de pior dele conjecturávamos. E tornam-se assim mais cinzentas as expectativas para esse futuro próximo...
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