domingo, 7 de julho de 2024

Entre o Ser e o Parecer

 

1. Confesso que a melhor notícia, que recebi das eleições no Reino Unido foi a da vitória de Jeremy Corbyn em Islington North. Porque, vilipendiado pelo próprio partido, sobre o qual não se esperam grandes mudanças transformadoras da economia inglesa - tão má é a herança deixada pelos conservadores! -, Corbyn será sempre o porta-voz de uma esquerda, que não se envergonha de o ser e dispensa maquilhar-se com as vestes do dito “pragmatismo”.

Tem sido um dos grandes problemas da esquerda desde a Terceira Via proposta pelo blairismo: pegar nas bandeiras das direitas - as das contas certas é apenas um exemplo! - e ser mais competente do que elas para as levar por diante.

Corbyn, que chegou a entusiasmar os jovens, poderá ter neles o suporte para servir-lhes de porta-voz das preocupações, que os leva a, noutras latitudes, entregarem-se às falaciosas promessas das direitas extremas, incluindo as ultraliberais.

2. Compreende-se que as direitas mediáticas queiram diabolizar Pedro Nuno Santos (replicando o que, na Inglaterra, foi feito a Corbyn, embora ainda sem conseguirem uma munição tão tragicamente eficiente como contra ele foi a do “antissemitismo”). Ele é a esquerda que assusta e não tem essa tal vergonha em ser quem é. Para já vai servindo de grilo falante contra um (des)governo a caminhar no sentido errado do ponto de vista orçamental, na distribuição do esforço [fiscal] e no objetivo de Portugal ter uma economia avançada”.

 3. Na crónica da última página do Público Pedro Adão e Silva assesta baterias contra os simulacros de justiça hoje protagonizados pelas Comissões de Inquérito Parlamentares, que perderam os justos propósitos originais e hoje “alimentam uma mistura explosiva de ressentimento e voyeurismo social” para proveito de duvidosos canais noticiosos, assim servidos de horas de tempo de antena gratuitas. Não servindo para fazer justiça nem “dignificar as instituições políticas e, muito menos, um espaço público decente”. 

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