sábado, 27 de julho de 2024

Um Joker armado em bom aluno

 

Tem sido regra seguida pelos governos lusos nestas décadas de Democracia: os de direita assumem a intrínseca menoridade ideológica e intelectual esforçando-se por, nas instituições internacionais, parecerem “bons alunos”. Assim o decretou Cavaco e assim cumpriu Passos Coelho, quando parecia à parte de todos nas fotografias das cimeiras em que ia entrando mudo e saindo calado.

Ao invés Soares, Guterres, Sócrates ou António Costa nunca enjeitaram tomar a palavra, exprimir as suas posições e defendê-las como as mais adequadas para defender os interesses dos portugueses. Não tem sido um acaso que, excetuando o arrivista Barroso - premiado pelo papel de mordomo na cimeira dos Açores! -, todos os cargos de maior importância internacional preenchidos por políticos portugueses têm-no sido por socialistas ou a eles associados (Freitas do Amaral).

Com Montenegro voltamos ao que costuma suceder com os primeiros-ministros da sua área: pode não arvorar a pose crispada de quem parece zangado com todos, que era timbre em Passos Coelho, mas o riso à Joker esconde a mesma inferioridade psicológica para sentir-se tentado a pôr o dedo no ar e mostrar-se menos nerd do que prescrevia Cavaco.

Outro seria o comportamento de Pedro Nuno Santos acaso ocupasse esse cargo: como reafirmou no JS Summer Fest 2024 cuidaria de exigir à Europa as políticas de habitação e reindustrialização, que tanto importam a quem é cidadão deste continente. E obstando tanto quanto possível que, como de costume, a Alemanha, a França ou a Itália quisessem ficar como principais beneficiários dessa transformação, que não pode excluir as periferias. 

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