terça-feira, 30 de julho de 2024

Perguntas de um operário letrado (VII) - em jeito de ponto de situação sobre as nossas incertezas

 

Voltando ao operário a quem Brecht deu a expressão das suas dúvidas acaba-se o mês de julho, e o início do mais redundante na definição de tempo de férias, para formular algumas perguntas oportunas. Por exemplo:

 - será que Marcelo Rebelo de Sousa pode congratular-se com ter conseguido correr com os socialistas do poder para nele impor os seus correligionários mas, ao mesmo tempo, sentir-se satisfeito com o papel a si reservado pela História? No seu narcisismo não terá imaginado superar a importância de Mário Soares ou Jorge Sampaio para acabar afinal numa irrelevância fadada a merecido esquecimento?

 - será que Montenegro saberá de facto gerir o incerto futuro em que, cada vez mais improváveis no curto prazo, as próximas eleições não virão a tempo para compensar a recuperação de eleitores ao Chega com os que voltarão às esquerdas à medida que se clarifique a sua incapacidade para sossegarem as angústias de multidões insatisfeitas quanto à aspiração de uma qualidade de vida minimamente satisfatória?

 - será que Pedro Nuno Santos conseguirá ter paciência para deixar que esse mesmo tempo, grande arquiteto no dizer de Yourcenar, torne mais periclitante o castelo de cartas em que o campo adversário ainda assenta?

 - será que Mariana Mortágua e Paulo Raimundo encontrarão forma de cativar os jovens, que deveriam apoiá-los enquanto não chegam à idade de aderirem ao “realismo” socialista, dissociando-os das direitas, que nada terão de substantivo para lhes oferecerem?

 - será que não será possível utilizar a forma escandalosa como a direita fascista tem utilizado a comissão de inquérito sobre o caso das gémeas para melhor demonstrar o nível de malignidade, que ela significa?

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