segunda-feira, 15 de julho de 2024

Dispensemos as lágrimas de crocodilo!

 

Ponhamos de lado a hipocrisia: se o incompetente atirador tivesse sido mais certeiro nos tiros, justificar-se-iam lágrimas piedosas por aquele que andou a incendiar o clima político norte-americano e agora teria o merecido ricochete dos seus discursos?

Por agora os comentadores, ora o dão como reforçado vencedor das eleições de novembro, ora procuram relativizar o impacto do sucedido ainda tecendo duvidosas esperanças numa vitória democrata.

Faltando menos de quatro meses para a eleição presidencial será improvável que se repita nova oportunidade para remover Trump dos boletins de voto. Mas, mesmo arvorando aparente capacidade para dar a volta à surpresa de se ver visado por uma das armas, que ele quer ainda mais multiplicar pelo território norte-americano, resta a presunção de o saber doravante atemorizado pela hipotética falha na segurança, que o faça entrar na já significativa galeria de antecessores abatidos a tiro, quando se julgavam inexpugnáveis na cadeira do poder. A menos que acredite nos tais anjos proverbiais, que um professor da universidade de Boise afiança depressa invocados pelos religiosos como protetores do seu ídolo.

Igualmente de além-Atlântico o Público dá espaço a uma investigadora, Raquel Machaqueiro, que diz coisas muito pertinentes sobre a realidade da escravatura enquanto financiadora da história da expansão portuguesa, que culminou na pífia crença num suposto império colonial. E lembra aos revoltados com as reparações aos descendentes dos escravos que, quando acabou essa ignomínia, foram os seus antigos donos, que receberam indemnizações.

Considerações, que bem mereciam ser inseridas nos manuais escolares para que os petizes não continuem a ver a escravatura como algo, que afetou uma massa anónima de gente de quem se continuam a esquecer as suas tragédias individuais sem sequer perceberem estar ela na potenciação do que é hoje o sistema capitalista! 

1 comentário:

  1. Presumo que depois deste elogio implícito do homicídio dos adversários políticos não vai continuar a vender o peixe da "democracia ".

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