1. É regra elementar aprendida no coaching: deve-se evitar a pose de braços cruzados, quando se discursa, negoceia ou interage de uma qualquer outra forma com quem se contacta publicamente. Porque dá a ideia de alguém retraído em si próprio, defendendo-se de imprevisíveis ameaças, que o possam atingir.
Luis Montenegro é pródigo em assumi-la - aliás a exemplo do que já acontecia com Passos Coelho e Paulo Portas na época da troika! - e, só nos últimos dias, vimo-lo assim, primeiro perante Pedro Sanchez, depois num intervalo do Conselho Europeu.
Para além do medo a atitude defensiva de Montenegro tem outra interpretação: a de se sentir impostor na pele que o seu arrivismo o levou a vestir. E porque, intimamente - mesmo sem provavelmente ter visto o Barry Lindon do Kubrick -, sabe quase nunca ser feliz o destino dos videirinhos.
Não é preciso grande esforço de memória para, comparando-se a António Costa, ser visto, interna e externamente, como um pobre amador. E os paralelismos vão-se confirmando com outros protagonistas no dia-a-dia nos debates televisivos : basta ver Alexandra Leitão apoucar Hugo Soares, ou Miguel Prata Roque rebaixar os morgados, que lhe ponham pela frente, para comprovar quanto os eleitores entregaram a governação a quem não tem talento, nem pinga de visão, para aquilo que só pode redundar num lamentável estrago.
2. O dia de ontem terá sido amargo para Lucília Gago e seus acólitos com o Tribunal da Relação a dá-los como ineptos e eivados de juízos especulativos na imputação de graves acusações a quem se limitava a fazer o seu trabalho, quer do lado dos empresários do Data Center de Sines, quer dos governantes incumbidos de criarem as condições para o sucesso de um investimento de reconhecido valor económico e social para o país. Como comentou o insuspeito Manuel Carvalho na edição de hoje do Público tratou-se de uma evidente demonstração de abuso do poder judicial, que resultou na queda de um governo legitimado pela maioria absoluta, que o tornara possível.
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