domingo, 21 de abril de 2024

Imperativa a recuperação da consciência de classe

 

1. Pertinente a crónica de Rui Tavares Guedes na Visão a propósito da tendência dos bons resultados económicos já não bastarem para ganhar eleições e até serem “negligenciados nos inquéritos sobre a popularidade dos governantes”. Recorrendo à opinião de Paul Krugman e Francesco Rigoli conclui que “a política, mais do que um debate de ideias, transformou-se num duelo de estratégias de comunicação, apostadas em criar perceções desligadas da realidade”.

Fomentar ilusões - como a do trapaceiro choquinho fiscal de Luis Montenegro - estão a resultar em governos de que os eleitores deveriam fugir como da peste. Esperemos que a frase com que se conclui o texto se confirme: “no fim, como sabemos, a realidade vencerá sempre qualquer ilusão”

2. No Público de hoje o antigo ministro António Costa e Silva também glosa o tema, confirmando essa estratégia de comunicação, que levou as direitas a superarem as esquerdas em 10 de março: “Sempre existiu e existirá a mentira no espaço público, mas o que se passa é que hoje ela impera, dissemina-se rapidamente, o que é facilitado pela diminuição do pensamento critico e pelo enfraquecimento do poder de mediação dos media. A fragmentação das fontes de informação e as redes sociais criaram um mundo atomizado em que as mentiras e os rumores dominam e alimentam o ódio e o ressentimento.”

Razão para as esquerdas focarem-se num urgente trabalho nas redes sociais - já que as fontes tradicionais de comunicação são de quem nós sabemos quem!  - para transformarem esse ódio e ressentimento numa consciência de classe, que melhor identifique quem são os verdadeiros inimigos.

3. Poucas dúvidas sobram quanto à incontornável coligação das direitas (incluindo as ostensivamente xenófobas e racistas), quando o atual governo demonstrar a incompetência para lidar com a situação complexa, interna e externa, com que se confronta. E, na entrevista ao Observador , Passos Coelho pôs-se em bicos dos pés para ser ele a vir das trevas e, musculadamente, replicar o sentimento trumpista de vingança, que o tem amargado desde 2015.

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