sexta-feira, 12 de abril de 2024

Um (des)governo estroina e irresponsável

 

Não se pode classificar de chico-esperta a argumentação de Montenegro na apresentação do programa do (des)governo, a pretexto de, deixando-o passar, as oposições - e em particular o Partido Socialista - deverão aturá-lo nos quatro anos seguintes.

Trata-se, tão-só, de sabendo que os interlocutores não são parvos, querer acreditar que o são os eleitores chamados a pronunciarem-se sobre a sua continuidade quando, a curto prazo, Marcelo fizer jus a mais um cognome - o de «Liquidificador».

O problema maior é o de sabermos que, qual estroina sem tino, Montenegro prepara-se para esvaziar os cofres deixados repletos por Medina, desbaratando o esforço de credibilização da dívida soberana nacional com as borlas fiscais dadas a quem já conta com lucros indecorosos (banca, distribuição, EDP) e com a satisfação de reivindicações corporativas, que agora lhe farão pagar com língua de palmo as promessas feitas durante a campanha eleitoral.

E basta olhar para quem tomou posse como novo secretário de Estado do Trabalho para saber-se quem pagará os custos do estrago para o qual o Partido Socialista terá de voltar a fazer o papel de laboriosa formiguinha.

Perante os inquietantes sinais do que nos espera faz efeito de guerra de alecrim e manjerona aquela que se perfila na direita mais extrema com Ventura, ora entusiasmado com a profissão de fé inquisitorial de Passos Coelho, ora vindo atravessar-se-lhe ao caminho ao compreender quanto o mesmo poleiro pode ser demasiado exíguo para lá caberem dois desafinados galos.

E, porque assuntos mais importantes se perfilam, deveremos olhar para a Colômbia onde, apesar de sempre húmida a 2600 metros de altitude, e rodeada de florestas, a capital Bogotá só tem água para sustentar menos de dois meses do consumo dos seus habitantes. Porque por cá continuam a importar os turistas, que não olham para os recursos que consomem, e até anseiam por courts de golfe verdejantes onde possam passear os seus tacos. Aqueles que o (des)governo quer acarinhar para satisfazer os especuladores imobiliários comungados com os empresários do alojamento local...

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