sábado, 20 de janeiro de 2024

Jornalismo e emigração

 

Numa altura em que está a decorrer o Congresso dos Jornalistas várias realidades - a destruição do grupo Global Media, a agressão a um repórter na Universidade Católica - conjugam-se para as tornarem tema maior da nossa quotidianidade.

Pessoalmente não alinho com quantos dizem buscar nas redes sociais aquilo que não encontram na imprensa convencional: por natureza as informações nelas introduzidas possuem uma carga de manipulação subjetiva, que não se coaduna com a pretendida objetividade dos códigos deontológicos do jornalismo. Digo-o eu que, nos blogues ou nas opiniões expressas no facebook, reivindico aquilo que penso numa logica assumidamente ideológica, só me importando a sua pertinência e consistência. 

O que procuro nos jornais, nas rádios ou nas televisões é, ou deve ser, outra coisa: o acesso a informações credíveis, baseadas em números e factos, que escrutinem cientificamente a realidade. E sobre os quais me sinta melhor habilitado para consubstanciar aquelas opiniões.

Que isso está a tornar-se em algo mais difícil demonstra-o a significativa redução dos jornais e revistas, que adquiro, ou das horas dedicadas a ver e ouvir notícias nas televisões e rádios nacionais.

Há uma pista implícita para que tal suceda e é aludida por Pacheco Pereira na sua crónica de hoje no «Público»: até que ponto a crise da imprensa não tem a ver com a tendência para replicar as lógicas das redes sociais, mostrando-se menos rigorosas nas fontes de que se servem e denotando pouco escrúpulo em enviesá-las. Diz o historiador que “as notícias deixam de ser vistas pelo seu valor factual, mas como partes de um combate político entre “nós” e os “outros”. Isto é o habitual nas redes sociais, não devia ser no jornalismo”.

Um bom exemplo desse tipo de enviesamento é denunciado por Bárbara Reis a propósito das notícias sobre a emigração de jovens para outras paragens e oportunisticamente utilizadas pelo Chega para lançar cobras e lagartos sobre o “estado a que se chegou”.. Sobre os mitos e mentiras sobre a emigração portuguesa conclui a jornalista com uma lógica incontestável: temos “um problema histórico de desenvolvimento e salários baixos; sempre emigrámos e vamos continuar a emigrar; os jovens emigram, não os velhos; hoje emigramos por mil razões, uma das quais é o salário, mas há muitas outras; subir o salário mínimo pode ajudar a travar a emigração, porque a maioria dos que emigram não são licenciados. O resto é folclore populista”.

1 comentário:

  1. O que a historieta da Católica tem rendido. Agora até já metem Miguel Morgado ao barulho. Só um nome permanece incógnito: o do tal jornalista que terá sido levado no ar ou a arrastar os pés.

    Andam nisto e sempre quero ver o que vão fazer se o Chega tiver mais e 20% e se tornar o maior partido de direita.

    Para que fique claro: não tenho qualquer simpatia por esse aldrabão.

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