quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Bom seria que nada voltasse a ser como dantes!

 

Gostaria que Carmo Afonso tivesse razão, quando afiança ser 10 de março a data em que, pela última vez, a direita tradicional disputará a vitória. Não tanto pelo que deixa implícito - o de uma ulterior primazia do Chega nesse lado partidário -, mas por confiar na esperada vitória das esquerdas. Até porque, olhando para o leque de nomes apresentados pelo Partido Socialista sobre quem liderará as listas de deputados dos vários distritos existe uma avassaladora diferença de qualidade e experiência governativa entre elas e as da concorrência à direita. Embora haja um cheirinho exagerado a carneirismo acabo por concordar com as cedências de Pedro Nuno Santos em prol da demonstrada unidade de quem  terá a incumbência de apresentar um novo  Governo depois das eleições.

Razão terá Manual Loff quando diz assistirmos a uma recomposição e reorientação ideológica da direita na linha das congéneres europeias e americanas depois de se desagregarem. Normalizando valores, que sempre foram os seus, os derrotados de 10 de março não serão muito diferentes do que sempre soubemos terem a mesma natureza de muitos dos que militavam ou votavam no PSD ou no CDS. Conhecemos tantos que, só por hipocrisia ou calculismo escondiam a sua personalidade xenófoba, racista e com uma indisfarçável fragrância salazarenta a envolve-las. O assim se mostrarem sem pudores só facilita a luta política que, contra eles, será sempre feita em nome da Revolução, que agora celebra meio século. Devolvendo-os à condição de marginais dignos de desprezo para que serão remetidos tão-só se acelere a decadência de um epifenómeno político com sinais de merecida obsolescência. Mas a exigir-lhes nova e recauchutada transformação.

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