domingo, 17 de dezembro de 2023

Vai ser difícil, mas vai ser nossa

 

Fácil não será, mas a vitória das esquerdas em 10 de março tornou-se ontem mais viável com a consagração de Pedro Nuno Santos como secretário-geral do Partido Socialista. Para quem da convergência, conseguida há oito anos, guarda justificadas saudades cresce a esperança de algo semelhante voltar a ser possível. Como, aliás, vem sucedendo aqui ao lado, no país vizinho!

O nervosismo que se apossou da direita mediática ganhou tal fôlego, que foi eloquente ouvir alguns dos seus mais conhecidos representantes a comentarem os resultados de ontem nas várias televisões. Como não lembrarmos as mesmas reações aquando da noite da vitória de António Costa em 2015? Para quem delas se recorda até houve manifesto assassínio de carácter como se o vencedor de então fosse um Brutus capaz de atraiçoar a alvíssima e sonsa figura do oponente!

Agora é o suposto radicalismo de Pedro Nuno Santos, que lhes serve de pasto às ruminações. Mas elas começam-lhes a ser aziagas, porque não só veem-no contrapor resultados inequívocos (a salvação da TAP e os lucros agora por ela conseguidos!) aos episódios que lhes servem de armas de arremesso, como contam como seu putativo “herói” essa figura grotesca, que é Luis Montenegro. Basta colocar Arnaut ao lado do líder laranja para todos ficarmos cientes de como poria o Estado ao serviço da maximização dos lucros privados em vez de o tornar numa máquina administrativa eficiente capaz de providenciar melhores serviços públicos ao Portugal inteiro para o qual Pedro Nuno se compromete a trabalhar.

A inquietação dos “comentadeiros” também inclui o pressentimento quanto à facilidade de Pedro Nuno Santos em  falar para muitos eleitores das direitas - incluindo as suas extremas fascistoides e liberais -  numa linguagem colorida, pejada de provérbios, que lhes torna mais fácil o entendimento da mensagem. Por isso mesmo os quarenta e poucos minutos do discurso do Rato foram eloquentes: onde os detratores viram falta de novidades, ficou a repetição do que já se lhe conhecia, mas precisa ser lembrado muitas vezes, porque, para muitos dos que se deixam iludir pelas palavras de Montenegro, Ventura & Cª  importa seguir a regra da pedra dura só furada pela persistência com que é incidida.

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