quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Quem não se sente...

 

Ouvindo António Costa criticar a Procuradora Geral da República e Marcelo Rebelo de Sousa só pode concluir-se que só se perderam as farpas que cairam no chão.

É certo que o ainda primeiro-ministro teve sérias culpas na forma como desperdiçou a maioria absoluta caindo nas armadilhas de um ministério público, que confessadamente andou a investigar ministros (Azeredo Lopes, Eduardo Cabrita, Fernando Medina, Duarte Cordeiro) sem contra eles encontrar motivos substanciais para os inculpar de algum ilícito, ou sequer ouvi-los (João Galamba a quem nem sequer querem ouvir depois de oitenta mil ocasiões em que indecorosamente o coscuvilharam) mas passando abundantes e “oportunas suspeitas” para os tabloides.

Pior ainda foi como, apesar da sua tarimba, Costa deixou-se enlear na matreirice de Marcelo que, qual escorpião, se deixou levar em segurança entre as margens do rio, sem se conter no prazer com que foi dando umas aguilhoadas a quem deveria mostrar outra consideração.

Se teve a oportunidade de associar-se a um período dourado da história portuguesa em que, com a ajuda do PRR, iriam ser resolvidos os principais problemas sociais e económicos da sociedade portuguesa, aproximando-a dos níveis europeus mais avançados, Marcelo ficará com um legado de obstáculo maior a que tal venha a suceder.

No balanço que fará destes oito anos António Costa também não deverá poupar-se à introspeção sobre se manteria uma tão notória abstenção quanto a tomar medidas contra um ministério público em roda-livre e com reiteradas provas de irresponsabilidade, se não de algo pior. E se, relativamente ao seu ex-professor, melhor teria sido sorrir-lhe menos, deixá-lo levar a chuva nos costados sempre que ele às intempéries se sujeitasse, e conseguir na prudente distância, as suficientes cautelas que não terá tido.

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