domingo, 18 de fevereiro de 2024

Os Farsistas enquanto engenheiros do caos

 

Giorgio de Empoli chamou-lhes engenheiros do caos e optou por essa designação para dar título a um ensaio, que explica a ascensão de movimentos neofascistas como o Chega, ao qual Rui Tavares apodou com uma não menos curiosa designação: Farsistas.

Muito devem essa notoriedade à imaturidade dos frequentadores das redes sociais, que sentem cada like como réplica das remotas carícias maternas. Porque é um ponto fraco da psicologia humana esse desejo tóxico pelo reconhecimento, o medo de não estar conforme a vontade das supostas maiorias.

Daí a facilidade com que a extrema-direita aproveita-se do ressentimento e raiva dos que não são suficientemente “acariciados”, “reconhecidos” e desenvolvem ressentimentos prenhes de raiva. Assim surgem as teorias conspirativas sobre as quais existem estudos a demonstrarem levar seis vezes mais tempo uma verdade chegar a 1500 frequentadores das redes sociais do que uma mentira.

Como dizia Mark Twain “uma mentira pode dar a volta ao mundo no mesmo período de tempo que a verdade leva a calçar os sapatos”.

Os engenheiros do caos compreenderam o enorme potencial da raiva e vestem-na de indignação, medo, insulto racista ou sexista, que é quanto basta para assegurar a rápida divulgação nas redes sociais.

Hoje é impressionante a rapidez com que uma epidemia de cólera passa da dimensão virtual para a realidade como se comprovou com a dimensão atingida pelas campanhas antivacinas propagadas por youtubers da extrema-direita.

Empoli lembra que, se Lenine definira o comunismo como a soma dos sovietes com a eletricidade, o atual populismo resulta da cólera mais os algoritmos. 

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